quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Virtude: Livro do mestre, de quem é?


Parece uma pergunta estúpida com uma resposta óbvia, eu sei. Acontece que em muitas mesas (algumas que freqüentei) essa resposta não era tão óbvia assim. Vou abrir essa enquete para discutirmos, vamos expor nossos argumentos em pról ou contra a manipulação do livro por jogadores!



Primeiro, vou contar da minha experiência em relação à esse assunto (que não foi divertida).

Na ocasião eu era jogador. Nos primeiros meses de jogo tudo correu bem, estávamos jogando D&D 3.5, e como éramos de nível baixo, não tinhamos acesso aos desejados itens mágicos, por falta de capital mesmo, hehe (pé rapados).

Na medida em que fomos evoluindo e ganhando recompensas, surgiu a possibilidade de comprar itens mágicos! Que maravilha. O único problema é que desconsideramos o fato de estarmos jogando RPG, e começamos a pesquisar em casa (pelo livro do mestre) itens que tornassem nossos personagens mais fortes.

Essa situação tomou uma direção preocupadora, a ponto de nossos personagens chegarem em lojas de artefatos já pedindo o que queriam pelo nome presente no livro! Era o bárbaro querendo comprar as "manoplas do poder do ogro", o guerreiro pedindo uma espada mais dois e assim por diante...

Claro, éramos novatos, acabamos tornando o RPG apenas um joguinho, com competições internas (O feitiçeiro ficou mais forte que o bárbaro no 9º nível... Cinturão da força do gigante +6) e constantes caça à recompensas, sem nenhum propósito maior.

Claro, exagero de minha parte associar essas desgraças apenas ao uso do livro do mestre por jogadores, mas na nossa mesa foi um dos principais motivos. A parte de ingressar itens mágicos nas aventuras sempre é complicada, muitas vezes o mestre não sabe descrevê-lo e acaba fazendo chinelagem (apenas diz o nome e os efeitos), o que acaba contribuindo muito para a situação.

Eu sou contra lojas de itens mágicos. Sempre que mestro considero esses itens como sendo artefatos raros, geralmente na posse de famílias por gerações, e quando incluo essas lojas no jogo, sempre tenho comigo uma lista prévia do "estoque" da loja, para não acontecer de um jogador encontrar o "Robe do Arquimago" em uma loja da pacata vila agropastoril.

Também não deixo os jogadores olharem as páginas de itens mágicos. De certa forma,a sua inteligência acabará se manifestando (mesmo que pouco) no seu personagem, e o que você sabe sobre itens mágicos acabará influenciando nas suas escolhas futuras.

Eu sei, sou meio chato nesse aspecto. Mas qual é a sua opinião sobre o assunto? Exponha seus argumentos. Todos serão considerados conselhos válidos.

Valeu aí galera!
O CavaleiroFelipe Halfen Noll é o Cavaleiro, um apaixonado por fantasia medieval.Quando pequeno, seus olhos brilhavam quando nos desenhos presenciava atos de heroísmo e bravura. O gosto pela coisa nasceu com ele. Veio a conhecer os primeiros jogos de RPG quando tinha 8 anos (num sistema inventado pelo primo mais velho), e desde o momento, nunca mais largou o jogo.

18 comentários:

  1. nao apenas sou contra itens magicos, como sou contra a facil aquisição de poçoes e pergaminhos.
    em muitos rpgs existe a possibilidade de se pagar um npc para lançar uma magia.
    oras, ele noa tem uma lojinha e fica sentado o dia inteiro esperando q alguem peça uma magia.

    vejo como um pedido especial: afinal, ele gastou muito tempo para aprender as magias, ou receber de seu deus (o q é pior ainda: vc esta trocando moedas por favores divinos! - rpg se aproximando do mundo real, hehe).

    claro, tudo pode ser adaptado.
    um clerigo pode aceitar usar magias se o dinheiro tem como finalidade auxiliar as obras do tempo, ajudar a caridade, etc.

    o mago pode estar precisando de grana para continuar suas pesquisas, comprar itens para as amgias, etc.

    de maneira geral, sou contra as lojas de itens e as lojas de npcs esperando para lançar magia.

    isso nao quer dizer, contudo, q itens e magias nao possam ser comprados, mas é preciso uma boa historia para tal

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  2. Lembro-me que o narrador no meu velho grupo de AD&D não deixava a gente nem tocar no Livro do Mestre. Por isso, quando comprei os Grandes Manuais dele, este era o livro mais intacto.

    Atualmente a galera da mesa virtual do Blog do Dragão Banguela vem sofrendo comigo e minha pão-durisse com itens mágicos. Após uma longa aventura de quase três meses, apenas uma poção (não identificada) e uma espada +1.

    Geralmente gosto de colocar histórias envolvendo os itens mágicos, além de dar-lhes nomes ou palavras de comando. A simples espada +1 que o guerreiro do grupo encontrou, normalmente é uma espada longa comum, mas ao gritar a palavra "Imolaire" a lâmina entra em chamas causando danos com o bônus citado (o fogo é um mero efeito visual).

    Lojas de itens mágicos funcionam em cenários onde eles são extremamente comuns, mas para isso deveria-se existir uma explicação razoavel para a presença de itens mágicos em abundância.

    Justamente por isso sou contra a presença dos itens mágicos no Livro do Jogador de D&D4. O legal é manter uma aura de mistério sobre eles.

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  3. Gostei muito da ideia da "lista prévia do 'estoque' da loja"! É claro que todo item mágico do livro do mestre não vai estar dando sopa na loja de itens mágicos por míseras moedas de ouro...

    Sou do time que vende artefatos por sangue e suor. afinal é muito mais divertido roubar uma espada encantada do covil de um dragão do que comprar na loja "com desconto de 20%!"

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  4. Aos meus jogadores já adianto: vocês nunca comprarão itens mágicos ou magias. Se quiserem isso, vão jogar Harry Potter, que é um cenário que admitiria tal procedimento.

    Agora, o que eu faço é não deixar o jogador saber que encontrou um item mágico. E também não costumo dar aquelas dicas tipo "você sente que a espada tem um certo poder nela..."

    Estava até lembrando uma ocasião em que jogávamos AD&D e o mestre disse que tinha uma adaga no chão da masmorra. Aí ninguém quis pegá-la e ele anunciou: Essa é uma adaga +15.

    Tosco.

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  5. Cara, criei uma loja de itens, como acontece nos RPGs como Neverwinter Nigth. Assim, há um limite para tudo o que os personagens for comprar na campanha Hammerblood, que eu estou mestrando, inclusive os itens mágicos.

    Controlar o poder dos personagens é algo importante, pois um objeto em má hora poderá desequilibrar a campanha.

    Gosto de distribuir objetos nas campanhas, mas eles são tambem itens raros a serem conquistados e não simplesmente comprados!

    RPGames Brasil
    http://rpgamesbrasil.blogspot.com/

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  6. Nada que uns monstros da ferrugem não resolvam. Criaturinhas capazes de fazer qualquer marmanjo entupido de itens mágicos correr aos braços de um tarrasque.....

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  7. Existem a possibilidade dos ítens mágicos serem meio caóticos, como no OD. Na minha mesa isso é REGRA, nenhum ítem mágico vai funcionar 100% como se espera, logo, não esperam nada de um. Ele pode mudar a personalidade do portador, se voltar contra ele, causar alguma maldição no grupo, atrair algum tipo de criatura, e todo a variedade de penalidades. É claro, normalmente conferem alguma bonificação junto, mas é difícil alguém ter coragem de testar pra descobrir...

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  8. Muito bom o post, e sempre fui assim em minhas mesas também!

    Nunca gostei desta idéia de poção que cura life, igual RPG eletrônico...

    Até mesmo as magias em minhas mesas são mais interpretativas... um "Curar ferimentos leves" não fecha feridas abertas!

    Há sempre interpretação para primeiros socorros, até uma costura, se necessário, ervas e tal... A magia amplia a propriedade medicinal das ervas, fazendo-as agir em tempo mais curto, impedindo a infecção, estancando, aliviando a dor e auxiliando na cicatrização.

    Li os comentários e fiquei bastante contente em saber que eu não sou tão sozinho em meus conceitos!!

    Onde já se viu pagar ressurreição! Se fosse assim, nunca haveria drama na morte de NPCs queridos!

    "-Vamos salvá-lo!
    - Nah! Depois agente dá um 'ress' nele e pronto!"

    Ugh...

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Bom, a metafísica de magia de D&D é algo cabeludamente complicado. Primeiro, em tese, QUALQUER COISA é possível de ser feita com magia. Ressuscitar alguém, mandar alguém com quem vc não vá com a cara pro Plano q o pariu, criar itens, destruir coisas, parar o tempo, acelerar o tempo, pular entre as dimensões... Ah, sim. Claro. Desintegrar monstros indefesos. A própria "paisagem" da regra meio q apóia o raciocínio de q magia, em D&D, nada mais é do q apenas mais um meio mecânico e desprovido de uma "alma" em si para se obter determinado resultado. Reúna os diamantes, tenha o corpo, ressuscite seu amigo. Simples assim. Sem drama e nem chororô, é verdade. Mas tb sem RP.

    Claro, todo Narrador é livre para acrescentar seus próprios paradigmas místicos/religiosos/espirituais para fazer da magia algo diferente de uma "Fila do INPS para ressurreição". O mesmo vale para os itens mágicos. Uma espada +1 q é pura e simplesmente um item com bônus e nada menos raso q isso continua sendo, rules by the rules, um modo perfeitamente justo de entendê-la. Afinal, ela É uma espada +1, e nada na ficha dela diz nada além disso.

    Mas dificilmente me pareceria prejudicial trabalhar melhor a idéia. Talvez ela seja uma relíquia de família, guardada por gerações q não seguiram carreira militar, e q nunca viram uma guerra... E q provavelmente nem esperam ver. Sim, ela é um ótimo enfeite de lareira, e apesar de ter TOOODA uma história por trás, ela é inútil lá em cima.

    Itens mágicos são parte tão integrante de D&D qto os próprios dragões. O q seria de Senhor dos Anéis sem itens mágicos? Um ambiente que permita uma magia mais difundida, com itens mágicos em cada esquina não me soa necessariamente mais pobre em interpretação. Pelo contrário. Ele tem muito mais chance de encher todos esses pontos de histórias interessantes. Fato é, porém, q incentiva o lado gamista, mas ele tb não é tão ruim assim. Mostrar ao grupo q interpretar é legal é a melhor maneira de lidar com isso.

    (Nota mental: Construir uma mesa de RPG com acento ejetor para jogadores chatos.)

    (Nota mental 2: Descobrir aonde esses jogadores param qdo ejetados.)

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  11. Eu sou sovina quanto a itens mágicos, estou mestrando uma campanha em FR e os personagens já estão no 8º nível e ainda não possuem nenhum item mágico hehehehe.

    Há mestres e mestres, certa vez joguei uma campanha (a tua Laion) no qual no 5º nível meu bárbaro podia se transformar em um rinoceronte com armadura (!!!), acho que talvez é por isso que eu fiquei com uma má impressão de Tormenta (sim, esse mestre narrou nesse cenário). Oro para que um dia eu perca essa má impressão. =D


    Partilho da mesma opinião do Oráculo quanto a criar uma história em cima do item mágico, inclusive fica a dica do livro Weapons of Legacy que descreve muitos equipamentos mágicos com histórias bem interessantes.

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  12. Jogador que sabe demais é uma merda, apesar de que eu já fui assim. Mas hoje quando jogo quero montar um personagem bacana e auto-sustentavel de alguma forma, seja por magia, força ou... carisma, por que não (me amarro em jogar de bardo e ladino)?
    No meu jogo, no qual uso sistema e mundo próprio e mestro esse mundo a 5 anos meus jogadores costumavam ter atitudes assim, tentar usar (ou deturpar) a regra a favor deles, mas eu corto logo. Itens mágicos existem, até pq mestro em um cenário fantástico, mas em lojas existem itens bobos, como um bastão solar, uma pedra trovão ou uma loção do zumbi.

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  13. Pois é, isso de jogador saber as coisas é brabo. Mas daí é preciso contar o grau de habilidade de interpretação do jogador. "O Jogador sabe mas o Personagem não", prêmios em XP costumam estimular esse comportamento.

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  14. Mas acho que no começo todo mundo tem essa coisa de querer saber mais sobre os itens mágicos e ficar sonhando com o dia em que vão consegui-los. Com o tempo isso passa e vc aprende que o jogo é muito mais do que uma arma mágica.

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  15. Obrigado pelos comentários aí galera!

    Mais vez, fui crivado de comentários muito construtivos e criativos. Sempre é bom saber como os outros conduzem suas sessões.

    Adorei o "pro plano que pariu", hehe.

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  16. Gosto de ignorar completamente as "regras" de criações de itens mágicos. Eles são muito especiais, e não costumo colocar "bastões solares" e coisas do tipo no jogo. Não que seja errado (nada é!), mas no meu universo a confecção de itens com magia é um processo demorado, arriscado, caro e normalmente com resultados bem caóticos. Então quase ninguém perde tempo fazendo um bastão que brilha. Os itens são mais únicos, criados com uma finalidade importante.

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  17. Pior é o meu caso que mestro Tormenta 3D&T... item magico é o que tem de sobra em qualquer banca de esquina...
    Hoje vou começar a mestrar Mighty Blade (obrigado Clérigo pela excelente dica de jogo!!!) em um cenário próprio de pouca mana e o máximo que vão encontrar serão poções em torres de alquimistas em grandes cidades ou escondidas em pontos seguros e remotos...

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  18. Livro do mestre é DO MESTRE!!! E itens mágicos não se compram se conseguem com muito sangue suor e lágrimas.

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