terça-feira, 19 de abril de 2011

Meditação: Resenha: 7th Sea

 
A pedido do Red (acho), vim aqui deixar mais outra resenha de outro RPG q consta na minha galeria pessoal de "obras geniais esquecidas pelo mundo". 7th Sea visava em parte ser um produto primo de Legend of the Five Rings, copiando sua fórmula e se aproveitando de grande parte do sistema para recriar uma Europa à mesma maneira que Rokugan recriou o Japão Feudal.

Até hoje considero este RPG um dos melhores já criados na história, mas que, infelizmente, não fez nenhum sucesso avassalador, o que rendeu a suspensão até hoje inviolada dos títulos. 

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Bom, se o maior RPG do mundo é uma salada da cultura européia, com mitologia principalmente nórdica, com heróis lutando monstros de diversas mitologias e viagens lisérgicas dos designers, e claro, influenciado pelas mais diferentes fontes de literatura fantástica, então como seria se fizessem um RPG baseado numa versão menos bagunçada de uma Europa ainda romantizada?

Costumo dizer que 7th Sea foi o cenário mais facilmente produzido na história. Porque parece em não raros locais em que a história de Théah (mundo de 7th Sea) nada mais é do que um xerox de um livro de História com um outro nome meio disfarçado para não ficar tão plagiado assim. Mesmo assim, é no mínimo divertido ler e saber mais sobre a história de Théah e seus personagens mais marcantes, nem que seja para notar quais são as fontes principais para construir cada detalhe do cenário.

As influências do cenário, no entanto, não se limitam apenas ao campo histórico. É óbvio que as Nações de Théah são cópias descaradas das culturas mais influentes da Europa na época das Grandes Navegações, mas não raramente se encontram citações de livros, filmes e outras mídias célebres pelo cenário. Bom, a ele propriamente dito.

Théah tem seu nome derivado de Theus, o Criador de tudo que existe na Terra, cuja vontade na Terra é representada pela autoridade da Igreja Vaticina dos Profetas, baseada nos ensinamentos que os benditos três Profetas deixaram para trás. Entre eles, o combate à feitiçaria, uma prática bem comum e atrelada ao sangue da nobreza do império vigente que dominava todo o vasto continente. E também a profecia sobre o quarto e definitivo profeta, que anunciaria o fim do mundo.

Bom, tudo isso são dogmas da Igreja, mas que, ao contrário dos que muitos podem pensar, nem de longe lembra certa organização religiosa censora e propensa a queimar cientistas em fogueiras. A Igreja Vaticina incentiva o estudo científico como meio de compreender a Criação e assim seu Criador. Os principais cientistas não raramente também são sacerdotes da fé científica (ou ciência religiosa), e o país sede da Igreja também é o que tem as maiores e melhores universidades.

Com o fim do suposto império que deveria reinar sobre o mundo, porém, outras Nações surgiram para tomar seu lugar, repartindo seus principais territórios e tomando rumos próprios. Todas são bem marcantes, diferenciadas e dão uma combinação bem heterogênea ao cenário. Além de, por serem as principais facções do jogo, fornecerem escolas de esgrimas e linhagens feiticeiras bem legais (exceto por Castille e Eisen, que não possuem linhagem feiticeira, e por Ussurra, que não possui uma guilda de espadachins própria).

O cenário também é repleto de sociedades secretas, conspirações e facções filosóficas bem interessantes. O clima de intriga política chega a ser bem intenso, mas acho um pouco abaixo do que é Rokugan, neste aspecto. Mas acho que o interessante e falto em Rokugan, seria a exploração de um conflito em teia. Como se considerássemos os interesses das diferentes sociedades secretas, guildas de espadachim e nobrezas colidindo e se relacionado das mais diferentes formas com, por exemplo, o esteriótipo de cada nação.

Sobre o sistema de combate, ao meu ver, temos uma obra prima. Algo realmente digno de ilustrar de maneira simples, eficaz e divertida a energia, vivacidade, rapidez e heroísmo que vemos nos mais diferentes filmes dos Três Mosqueteiros, no Conde de Montecristo. Revides velozes, estocadas sutis mas letais, e um herói capaz de vencer algumas dezenas de capangas figurantes antes de enfrentar o arqui-vilão. Tudo isso incentivando ainda as mais loucas peripécias acrobáticas. E armas de fogo... Não podíamos não falar das armas de fogo que demoram uma eternidade para serem recarregadas.

Ah sim. O título do RPG. Théah é cercada, na verdade, por seis mares propriamente ditos. Cada um deles tem lá suas propriedades e eles variam bastante em estabilidade, tranqüilidade, clima e tendência à pirataria. O Sétimo Mar, porém, é tido como um lugar puramente mítico para muitos. Dizem que para chegar lá, deve-se atravessar um labirinto feito de chamas em pleno mar aberto, entre outros perigos. E quando se chega no Sétimo Mar, o sol e a lua dividem o mesmo horizonte, enquanto um mar perfeitamente estático e vítreo reflete as estrelas do céu.

Todavia, se você se interessa em mares menos loucos, realmente este é outro prato cheio para aventuras. Com tantas riquezas cruzando os mares de um país para outro, não demorou muito para que a pirataria se tornasse uma prática problemática. Enquanto Nações como Montaigne se esforçam para manter seus mares lotados de corsários, Avalon por outro lado parece ter acolhido uma própria facção pirata para si. Entre verdades e boatos, os mares de Théah certamente não são lugar para um desavisado. Os perigos são vários, e nem todos eles dão tiros de advertência.


O único motivo pelo qual 7th Sea é considerado um sistema irmão ao R&K de L5R é exatamente porque mantém o mesmo tratamento de rolar e manter certos dados. Por outro lado, se o combate de L5R provavelmente acaba em duas ou três rodadas com uma penca de gente morta ou inconsciente, o de 7th Sea é repleto de golpes bloqueados, defendidos e esquivados por pouco. Os danos costumam não ser tão letais assim, mas não de maneira falha, e sim heróica.

Se você procura capa e espada, ou um RPG digno de cinema, com uma fonte histórica fortíssima mas nem por isso chata, ou se aventurar nos mares turbulentos enquanto brande seu sabre contra um nobre cuja cobiça desconhece limites ou escrúpulos, seja bem-vindo a Théah. Jogue 7th Sea. E descubra um Novo Velho Mundo.

7 comentários:

  1. MUITO BOM esse jogo XD valeu Hayashi \o/

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  2. Eu não lembro quando foi que vi o 7th Sea pela primeira vez, mas achei fantástico também. A impressão que fiquei do cenário é que era algo um tanto cômico, mais ou menos como Piratas do Caribe, com a possibilidade de rolar esses duelos cinematográficos em meio a elementos míticos. Tà aí mais um pra minha lista do "Um dia vou jogar..."

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  3. [Regis]
    É um ótimo sistema.
    O blog dos Jogadores de Papel, traduziram o Livro do Jogador do 7th Sea.

    Eu vou postar uns Links, se tiver algum problema por eu estar fazendo "propaganda", podem deletar.

    Link do livro:
    http://www.4shared.com/get/Ib7coZQR/JP_7_Mar_-_Guia_do_Jogador.html

    Créditos:
    http://jogadoresdepapel.blogspot.com

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  4. Outro cenário desconhecido para mim, mas que também parece bem interessante. Valeu pela dica Hayashi.

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  5. jogadores de papel traduziram o livro do mestre

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