sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Chloroform - parte 11

Incêndio...

Ele não parou de correr até que chegasse a seu destino. Viu a fumaça negra no céu, o tumulto de homens desesperados levando baldes e mais baldes de água para aquele local. Havia tanta gente curiosa - e desnecessária - parada em volta da construção, que Graaver teve de diminuir consideravelmente sua velocidade para não trombar com nenhum civil infeliz. Atravessou a multidão com rispidez e péssimo humor, até finalmente alcançar os guardas que impediam o povo de se aproximar mais.
- O que aconteceu aqui? – perguntou para o primeiro fardado que encontrou em sua frente.
- Lorde Graaver – o soldado bateu continência antes de continuar – os moradores notaram a fumaça e...
- “Os moradores”? – interrompeu Elyan com furor - Por que não havia soldados guardando a cadeia?!
- Eu não sei, senhor... A maioria foi convocada para o recolhimento dos corpos nos arredores... Eu achei que...
- Você achou – repetiu o nobre em tom ríspido, achando aquilo um absurdo – Não preciso de achismos! Quero falar com seu superior. Onde ele está?
O soldado apontou para o interior da construção, e Elyan olhou. Mas não foi o comandante daquela guarda - que por sinal estava descontando sua ira nos subalternos - que ele ficou a observar. Os olhares de todos os civis também acompanhavam a cena em primeira mão.
Dois imperiais saiam do meio da fumaça carregando algo negro em uma maca improvisada. Estava coberto com panos para não alarmar a população. Mas Elyan era observador demais para deixar isso passar despercebido. Seguiu até onde a maca fora depositada e levantou o pano, apenas para confirmar o que já havia presumido: era o corpo de um dos prisioneiros, completamente carbonizado.
- Qual o número total de mortos? – perguntou ele, ainda segurando o pano e observando a figura disforme.
- O fogo acaba de ser controlado e os detentos serão movidos para o calabouço até segundas ordens. A maioria se encontra com problemas respiratórios por causa da fumaça, mas o prisioneiro da solitária foi a única perda. – se o soldado estivesse prestando atenção, teria visto Lorde Graaver congelar onde estava, com olhos arregalados; mas sua preocupação era outra, por isso prosseguiu com seu relato – Estão dizendo que o incêndio começou nesta cela mesmo, mas o motivos ainda não estão claros. Quem poderia querer matar um prisioneiro?
- Alguém que quisesse apagar as evidências. – murmurou em resposta para si mesmo.
Elyan não movia um músculo; não tirava os olhos daquela forma grotesca e negra que agora começava a lhe parecer ligeiramente familiar. Em sua mente, visualizava claramente a figura do ladrão que lhe deu combate na última noite. O homem que compartilhava de seu sangue.
“Por que logo ele tinha que vir até aqui? Por que logo ele tinha que morrer? Existe uma conspiração por trás disso tudo... Algo muito ruim está para acontecer, eu sinto.”
O rapaz estava tão mergulhado nos próprios pensamentos que mal percebeu um silêncio incomum a sua volta. Realmente, muito incomum, pois até poucos segundos era impossível não ouvir o alvoroço provocado pelos civis curiosos e apavorados que cercavam a construção.
E agora era silêncio.
Passos de metal.
Todos que tinham um pouco de juízo se ajoelharam com a chegada do Grande Rei.
Mas Elyan, infelizmente, percebeu isso tarde demais.
- Ora, ora. – chegou uma voz de trovão às suas costas, fazendo os pelos de seu corpo se arrepiarem - Não me diga que este é o homem que indagastes estar por trás do ataque?
_______________________________________________________________
- Basta, Elora, basta! Eu não posso mais esconder você dos olhos do Império. – o clérigo falava nervoso enquanto enfiava às pressas muitos pertences dentro de uma grande sacola de viagens – Chegou a hora de você voltar pra casa.
“Chegou a hora de você ir cumprir seu destino.”
Giovana-chanGiovana-chan é uma garota cheia de manias, poucos amigos, e dona de uma mente insana. Fã incondicional de cinema, livros e games, prefere atividades que envolvam sofás bem acolchoados. Morre de vergonha de falar em público e odeia a idéia de ter que falar de si mesma na terceira pessoa.

2 comentários:

Seja um comentarista, mas não um troll! Comentários com palavrões ou linguagem depreciativa serão deletados.