quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Blogs e Blogueiros: Dungeon Compendium - Igor Sartorato

Caros peregrinos, na seção Blogs e Blogueiros desta semana temos um convidado pra lá de Old School: Igor "Corvus Corax" Sartorato, do excelente Dungeon Compendium.
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Caro Igor, muito obrigado por aceitar o convite para essa entrevista em meu blog. Gostaria de começar com o feijão e arroz de sempre: fale-nos um pouco sobre você: idade, profissão, de onde você é, etc, etc.

Obrigado a você pelo convite. Bom, indo direto ao ponto, tenho 28 anos, sou formado em Biologia e trabalho como servidor público. Eu sou paulistano, mas moro em Curitiba/PR desde criança.

O que significa o apelido “Corvus Corax” que você acrescentou em seu nome?

Corvus Corax é o nome científico do corvo comum. É apenas uma brincadeira com o fato de eu usar o emblema da Bandeira do Corvo, da HQ de mesmo nome, como meu avatar desde que comecei a freqüentar a internet. Nunca usei uma foto minha no orkut, por exemplo.

Como conheceu o RPG?

Acho que até já contei essa história no meu blog uma vez. Eu conheci o RPG pela primeira vez através do meu irmão, que jogava GURPS com uns amigos. Mas, apesar disso, foi só um contato mínimo, nunca joguei com eles. Anos mais tarde, quando foi lançado o Hero Quest e o Dungeons & Dragons da GROW eu já tinha uma noção do que era o jogo e comprei o D&D e convenci meus amigos a jogar.

Então você iniciou sua carreira RPGística como mestre? Como foi a experiência de começar mestrando ao invés de jogando?

Correto. Não sei se tenho como lhe responder isso, porque nunca conheci o outro lado da moeda. Pra mim mestrar é tão natural quanto jogar.

Entendi. E o que você considera essencial para o sucesso de um mestre?

Eu acho que um mestre deve ter em mente que a aventura existe para divertir os jogadores (o que inclui o mestre). Se a coisa está chata, então algo está errado. É bom também sempre considerar que os protagonistas da história são os personagens dos jogadores; quem está na mesa não vai pro jogo pra saber como os NPCs salvam o mundo ou completam a missão. Se não ocorre com os jogadores, então é nota de rodapé e não o foco da história.

Fora isso, é importante tomar decisões rápidas e saber improvisar. Forçar a história a seguir como você acha que deve não é a melhor opção, deixe os jogadores decidirem isso e crie em cima.


Além do D&D já jogou/mestrou outros sistemas?

Eu já joguei vários sistemas além do D&D. Já joguei e mestrei: a trinca D&D, AD&D, D&D 3.5; GURPS, TWERPS, Lobisomen: O Apocalipse, Senhor dos Anéis, Paranóia, Live Action de Storyteller e In Nomine.

Fora isso, eu já joguei (sem mestrar): AD&T, Vampiro: A Máscara, Wraith: The Oblivion, Cyberpunk 2020, In Nomine, Rolemaster, MERP, Toon, alguma coisa no Sistema Daemon, Star Wars D6, Marvel Super Heroes, Aberrant, Legend of the Five Rings, e possivelmente mais alguma coisa que eu tenha esquecido durante esses vários encontros de RPG.

Vários desses jogos eu gostei, de outros não, mas minha única frustração é nunca ter conseguido jogar Call of Cthullhu.

E por que ainda não jogou Call of Cthulhu?

Porque nunca encontrei um grupo pra isso. Esse era um jogo que eu gostaria de participar como jogador, de preferência. Já joguei Call of Cthulhu D20, mas não é a mesma coisa...

E qual é seu cenário favorito?



Meu cenário de D&D predileto é Ravenloft. Primeiro de tudo porque eu gosto de horror gótico, com toda sua justiça poética, seus clichês e definição clara de certo e errado. Acho mesmo que por isso Ravenloft é o melhor cenário pra se entender os alinhamentos do D&D, lá não se relativiza nada.

Além disso, o cenário tem excelentes NPCs (talvez os melhores de todo o D&D), com histórias bem construídas, e uma metafísica perfeitamente construida, que justifica qualquer tipo de aventura, qualquer tipo de "cenário" (já que cada Domínio é praticamente um sub-cenário em si próprio), qualquer tipo de temática, sem tornar nenhum tipo de história deslocada dentro do mundo de jogo. Ao mesmo tempo é um cenário que permite campanhas bem low-magic, algo que eu gosto, e as mecânicas secundárias colaboram bastante para que os jogadores interpretem suas personagens.




Dizem que a vida RPGística não é mais tão ativa depois dos 20, rsrsrsrs. Atualmente você tem algum grupo de jogo?

Bom, de certo modo é verdade. Na época do Ensino Médio (ou 2º grau no meu caso) eu jogava quase todo dia. Hoje em dia é uma vez por semana no máximo, um pouco mais quando eu estava jogando Live Action. Mas tenho um grupo fixo sim. Atualmente estamos encerrando minha campanha de Ravenloft que durou uns 3 ou 4 anos, e estamos começando outra campanha de D&D onde desta vez sou jogador.

No seu blog você diz que "começou mestrando D&D com a velha caixa preta da Grow, e várias edições e algumas decepções depois, decidiu montar sua própria edição." O que mais te decepcionou na trajetória do D&D?

Eu gostava do chamado BD&D (a edição da Grow), e quando conheci o AD&D achei que ele mantinha perfeitamente o clima de jogo que eu tanto gostava, ao mesmo tempo em que aumentava a complexidade e as possibilidades do jogo, exatamente da forma que eu queria (na época, não tínhamos acesso ao Rules Cyclopedia, nem a material mais antigo, que permitisse evoluir os personagens além do 5º nível). Acabei me apaixonando pelo AD&D, e quando saiu o D&D 3ªed fiquei um pouco decepcionado com a quantidade de modificações no sistema. A parte da mecânica única não me incomoda, mas o sistema de perícias, os feats, e a mudança do equilíbrio entre as classes, torna o jogo totalmente diferente.

A construção de pesonagens tornou-se tão importante que as vantagens mecânicas acabam falando mais alto do que a representação. Eu gosto de escolher as coisas dos meus personagens apenas uma vez, e não de ter de ficar procurando em dezenas de livros para escolher feats e prestige classes a cada novo nivel.

Já o D&D 4ªed é quase totalmente outro jogo, sobrou muito pouco do AD&D.

E como está indo o seu AD&D 3.5?

Mais devagar do que eu gostaria. Mas apesar disso, tirando alguns ajustes menores, faltando mesmo só se encontra a parte de magias e criação de itens mágicos. Ainda precisa de playtests também.

E por que a escolha do nome AD&D 3.5? É um mix de AD&D com D&D 3.5? Ele será compatível com a licença D20?

Eu não me preocupo com compatibilidade de licenças nem nada do gênero. Como eu explico no meu blog, o projeto é mais um sistema de house rules para uso pessoal. Eu apenas decidi compartilhar algumas das idéias e trocar opiniões com outros jogadores através do Dungeon Compendium.

No momento não tenho pretensões de publicar o sistema nem nada assim, logo não penso em licenças. Mas os materiais de outras edições são facilmente adaptados para o AD&D 3.5 sem muito esforço.

Quanto ao nome, eu expliquei isso na minha primeira postagem do blog: eu usei como base pra todo o livro o AD&D 3ªed escrito por Chris Perkins, uma versão não-oficial do AD&D que é a visão do autor de como deveria ter sido a 3ª edição do jogo. Como eu parto desse livro pra escrever o meu, decidi apelidá-lo de "AD&D 3.5", fazendo referencia ao que foi feito pela WotC.

Pelo que tenho visto, desde que comecei a acompanhar seu blog há um mês, você gosta mesmo de RPGs Old School e retroclones de D&D. Como você definiria o estilo Old School?

Para mim, o Old School inclui personagens de evolução mais lenta, onde raramente se chega aos níveis mais altos; um ritmo de jogo mais lento. Interpretação, astúcia e criatividade são de grande importância num jogo Old School. Não estou falando de fazer dramas melosos nem nada do gênero, mas de reagir adequadamente ao cenário e de resolver os problemas com boas idéias e não apenas rolando dados.

Nos RPGs Old School geralmente há bem menos customização das personagens, mecanicamente falando. Um guerreiro é praticamente igual ao outro, assim como um mago, um ladrão, etc. Logo, não é sempre que dá para olhar pra sua planilha e apenas escolher aquele "poder" que é exatamente feito pra determinada situação. O que diferencia as personagens é a interpretação do jogador, e é isso também que separa os vitoriosos dos fracassados, não seus poderes.

E qual seu retroclone preferido, e por quê?

Eu acho o Labyrinth Lord um dos melhores. Principalmente com o Advanced Edition Companion, que traz ele mais para perto do AD&D. O OSRIC também é muito bom, tendo tudo que é necessário em um único livro. Mas acho que a "versão final" do brasileiro Old Dragon também promete muito!

Bom Igor, mais uma vez obrigado pela entrevista. Espero que seu projeto do AD&D 3.5 seja logo concretizado e possamos ter um ebook de qualidade na rede.



Novamente agradeço a você pela honra de ser entrevistado, e quanto ao AD&D 3.5 tenho certeza que se os leitores do Dungeon Compendium continuarem colaborando com seus comentários e sugestões, logo ele estará pronto!
o ClérigoSo long and thanks for all the fish!

11 comentários:

  1. opa, muito legal a entrevista! otima escolha, clerigo. o igor ja pagou o dizimo, ne? ;)

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  2. Po, não entendi essa do pagou o dízimo??? Acho que eu to jogando muito rpg e isso tá afetando meu raciocínio, rsrsrsrs.

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  3. Boa entrevista :D

    Vou dar uma olhada no blog de nosso amigo Corvus Corax então ^^

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  4. Esqueci de colocar na lista das coisas que ue já joguei: BESM e D&D 4ªed (esse eu já mestrei uma vez, num game day).

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  5. Esqueceu a 4ª ed de propósito ein.. =P

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  6. Até hoje eu não consegui jogar a 4E. Para falar a verdade, nem a 3.5 eu joguei direito, visto que eu era o mestre e adaptei quase tudo para ficar a la AD&D, rsrsrsrs.

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  7. esse clérigo é gente fina, ele nao cobra o dízimo!
    http://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%ADzimo

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  8. Mais uma vez o clérigo traz uma confissão bem feita!

    Bela entrevista Igor! Boa sort ena versão 3.5!

    Abraços.

    RPGames Brasil
    http://rpgamesbrasil.blogspot.com/

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  9. Muito boa a entrevista, nobre Clérigo... vou visitar o blog do amigo Corvo agora mesmo.

    E é verdade que depois dos 20 a vida de rpgista não é mais tão ativa...

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  10. Bons tempos do ensino médio... jogava quase todo dia!

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  11. Legal esse corvo vou conferir o blog dele! Parece que todo RPGista tem a crise dos 20!

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