terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Baforada: A LEI

Muitos cenários de RPG oferecem detalhes de cidades, vilas e outros aglomerados humanos, mas a maioria não cita nada sobre as leis desses locais, como pode ser possível a convivência social sem certas regras, é ai que entra o mestre que na maioria das vezes tem que improvisar ou até deixar de lado esse pilar fundamental que é a lei.
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A LEI:

Lei (do verbo latino ligare, que significa "aquilo que liga", ou legere, que significa "aquilo que se lê") é uma norma ou conjunto de normas jurídicas criadas através dos processos próprios do ato normativo e estabelecidas pelas autoridades competentes para o efeito. Ou seja, as regras do jogo.


A maioria dos cenários de RPG descrevem cidades e até reinos inteiros, mas  não nos fornecem as leis que vigoram nesses locais e os narradores improvisam algo ou até deixam passar. É ai que toda cidade se transforma em um verdadeiro faroeste, todo mundo anda armado e faz justiça com as próprias mãos, ladrões e assassinos tem trabalho de sobra e as brigas em tavernas podem se trasformar em massacres diários. Pare e pense, que cidadão vai querer viver nessa loucura? É por esses e outros motivos que é  bom esboçar um simples código penal para suas cidades.

Se os cenários de fantasia medieval se baseiam na idade média busque conhecer as leis desse período, mas já adianto que essa idéia de idade das trevas onde é cada um por sí está equivocada, pois eles tinham leis sim e eram bem rígidas ( na inglaterra até para fazer sexo eles tinham que ter autorização real e é dai que vem a palavra FUCK "Fornication Under Consent of the King" ou fornicação sob o consentimento do rei).
Para estabelecer as leis primeiro é preciso estabelecer um tipo de governo as "cias" aqui vão alguns tipos:

Magocracia: Governo em que os magos dominam (Geralmente um conselho de magiares ou cabalas).
Teocracia: Governo em que sacerdotes e a igreja comandam, pode até ser que uma divindade seja o topo da pirâmide (o clerigo vai gostar dessa rsrsrsrs).
Democracia: Bom essa vocês conhecem bem, mas para cenários de fantasia ela pode ser como na Grécia antiga onde só os proprietários de terra e os alfabetizados podem ter o direito ao voto.
Plutocracia: Essa é a forma de governo onde os comerciantes ricos e as guildas exercem o poder (e parece que o tal capitalismo está levando a sociedade contemporânea para isso).

Pense também na hierarquia que preenche a piramide do poder como magistrados, barões, delegados, justicares, duques, jafares, acólitos, bispos etc.


Personagens clerigos e paladinos são muito favorecidos se tem conciencia das leis que devem seguir e aplicar, não adianta ser um paladino do deus da justiça se você não sabe como fazer justiça e sinceramente os dogmas e preceitos descritos nos livros são muito surperfíciais, como narradores temos o dever de deixar as coisas claras aos jogadores para que  possamos ter um bom roleplay.


É prazeroso e diria até desafiador ver os "ladinos" sendo verdadeiros ladrões, fugindo da lei se embrenhando em locais cheios de guardas, sendo caçados ou até mesmo tentando escapar da prisão. Até típicas cenas ficam mais concretas, por exemplo quando os aventureiros chegam aos portões de uma cidade murada e tem que entregar suas armas para entrar e até ler as leis para evitar os "PUTZ eu não sabia que era proibido portar artefatos mágicos"! No cenário de Karameikos em Mystara (AD&D) no livro "Guia do viajante" existem as leis do rei que são um ótimo exemplo para ter como base e criar as suas próprias.


Para que vocês possam desenvolver as leis de seus cenários procurem ler sobre o assunto, é curioso saber que nossas leis modernas são baseadas na antiga LEX romana e que o primeiro códice de leis foi criado na Mesopotâmia (curioso também é saber que mais da metade dos brasileiros nunca leram o código civil). Bom por hoje é só pessoal e já quero desejar um próspero ano novo a todos, nos vemos em 2011.

Por Red Dragon "Olho por olho escama por escama"
Red DragonRed Dragon, um dragão que estranhamente joga RPG desde que saiu do ovo, adora tudo relacionado aos cenários de fantasia, mestre rodado em vários sistemas, fã incondicional de Tolkien. Mora em um vulcão onde tenta entender os seres humanos.

4 comentários:

  1. Leis são uma coisa que sinceramente não gosto muito (vamos montar uma guilda, ladino? :D)...

    MAS sei da importância delas para a verossimilhança e "ordem", tanto na vida real quanto no RPG, e esse tópico foi muito bem abordado pelo autor do post.

    Por que raios um ladrão é um ladrão se ele nunca é barrado pelos guardas... imaginem, se após "aprontar" em uma cidade, o ladrão da equipe vê seu rosto estampado em vários cartazes pelas grandes capitais dos reinos que visita. E ao lado dele os "comparsas" companheiros de equipe, todos com uma recompensa semelhante, se capturados. Só isso já poderia gerar inúmeras aventuras diferentes ^^

    O tipo de governo também modifica as leis impostas completamente... numa plutocracia, qualquer indício de desprezo pelo dinheiro poderia ser facilmente taxado de crime, e numa teocracia, como na Idade Média, pessoas de outras crenças não seriam bem vistas, e provavelmente correriam sério perigo.

    Ah, bons tempos o do Hamurabi... se fosse assim hoje em dia, não haveria tanto perigo, e os bandidos pensariam um milhão de vezes antes de fazer mal pra alguém, porque as conseqüências seriam interessantes xD

    Leis são boas quando bem usadas; ótimo post, Red, e feliz 2011 também! :D

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  2. Feliz ano novo, Red!

    Também gostei muito do post, pois ajuda-nos a lembrar de uma tecla na qual sempre bato: verossimilhança. Se o jogo não tem uma relação causa-consequência bem clara, para mim muita coisa se perde. E o estabelecimento de leis (por mais simples ou absurdas que pareçam) ajuda muito a construir essa relação.

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  3. Uma cidade medieval sem lei seria um caos. Imagine o que a guilda de mercenários faria se o rei sobretaxasse a categoria?

    Um dos cenários que mais gosto e as leis são bem definidas é o GURPS Tredroy. O nome da cidade já é peculiar, pois Tredroy significa a cidade das três leis.

    Há preocupação desde a coleta de impostos, até com o tipo de armas que um cidadão pode utilizar. É um cenário bem completo.

    Para os aventureiros, eu recomendaria ao chegar em quaisquer cidade, perguntar sobre a lei do local! Não que se va respeita-las, mas é bom saber o que está desrespeitando.

    RPGames Brasil
    http://rpgamesbrasil.blogspot.com/

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  4. Gurps Tredoy!! Eu conheço acho muito bem feito e é a prova que um narrador pode desenvolver uma campanha inteira dentro de uma cidade!

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