Bibliotecas. Lugares seguros, calmos e pacíficos. Ou, pelo menos, assim parecem à primeira vista. Trago a vocês hoje uma carta que meu mestre me mandou, e que chegara a mim enquanto lia um tomo antigo a respeito de crimes e castigos e, aliás, esta carta me foi bem útil, pois me atentou a respeito da maneira que lêem muitos dos que conheço, conforme já examinei-os. Sem mais delongas, a referida letra a seguir, da qual pulei a introdução cuja qual seria inútil neste caso:
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"As bibliotecas escondem segredos que poucas pessoas realmente conhecem a fundo, entre todos os seus volumes e tomos antigos e repletos de tradição, obras de importância filosófica, esotérica, religiosa, artística, mágica, científica, histórica e cultural, para todos que possuam o entendimento de deleitar-se com sua leitura e compreensão.
E é essa avidez de conhecimento de alguns que pede medidas drásticas de alguns bibliotecários, talvez não por si próprios, mas por ordens superiores, do governo ou de uma ordem eclesiástica de grande importância. A solução para parar estes pesquisadores incautos que querem imersar no mundo do conhecimento antigo é simples: a morte.
Há uma técnica antiga, e pouco conhecida, mas que se mostra efetiva quando de seu uso aplicado sobre livros que serão rastreados no futuro. Seu método exige perspicácia e dissimulação por parte do organizador e guardador dos volumes, pois seu uso, mesmo que ordenado por associações de poder, é punível com a morte em muitos reinos, por se tratar de um método de assassinato engenhoso e por demais ardiloso. Entrarei nos pormenores do método adiante, alertando assim a todos os peregrinos que se virem buscando conhecimento que se atentem aos meios de não cair nesta cruel e astuciosa manha perpetrada pelos difusores da ignorância!
Ora, é comum o conhecimento de que a maioria das pessoas, quanto ao paginar de uma obra que estejam a ler, põem os dedos na boca, mais precisamente na língua, antes de virar as páginas, deixando-os assim mais grudentos e tornando a mudança de página mais fácil. É uma prática antiquada e - convenhamos - pouco higiênica aos meus olhos. Deixemos as discussões sobre tradições de lado, entretanto, pois alguns povos nem mesmo de banhar-se têm o hábito e deles não desdenho mais do que de meus próprios defeitos.
Sendo então que, sabendo que uma grande parte dos leitores pratica aquela ação, que é praticamente contra a sua vontade, apenas um instinto, um ímpeto que lhes vem e de que não lhes é percebido, pode-se recorrer ao engenho de pôr nas pontas das páginas de qualquer volume, uma certa quantidade de veneno, na forma de um pó ou de um líquido que há de impregnar-se naquele ponto exato (sem entretanto deixar vestígio algum de que lá está), acarretando assim no transporte direto do meio ao fim, do veneno à boca da vítima, que provavelmente irá ingeri-lo e logo mais perder-se sem volta. E ai dos que fazem isso, pois são maléficos e merecem menos que os vermes!
Venho dizer-te, peregrino, mostrar-te os ardis dos que planejam injustiças, e digo-te sem pensar duas vezes: perde teus costumes, caso os tenhas. Pois são os costumes que atrasam e terminam por pôr fim às melhores vidas. Assim poderás adquirir os conhecimentos que quiseres sem correres o perigo de acabar indo ter com os deuses em seus reinos.
E espalha mais esta artimanha para teus amigos mais íntimos, pois que eles são caros e não podem ver-se quedos na malícia de outrem.
-Korovitch Dminov"
cof.. O nome da rosa.. cof
ResponderExcluirBem legal o post Encaitar :) Eu já usei venenos mais ou menos assim, mas eram com moedas.
Conhecimento é poder.
ResponderExcluirPost legal Encaitar, percebeu a ironia? Conhecimento sem discernimento pode ser o pior dos venenos.
Poxa, também lembrei do nome da rosa! Muito bom Encaitar, dá pra imergir na história com facilidade.
ResponderExcluirHm... sinceramente não conheço essa obra chamada Nome da Rosa /:
ResponderExcluirCriei este post lembrando do que um velho amigo disse a respeito de colocar veneno nas páginas dos livros como uma forma antiga de assassínio. Talvez ele tenha lido o volume então D:
Obrigado pelos comments :)
Tendo lido ou não o livro, trabalhou o assunto de maneira excelente. Encaitar, em O Nome da Rosa os padres de um mosteiro são assassinados por alguém que coloca veneno em livros, e assim que eles viram as páginas e colocam os dedos na boca, caem mortos.
ResponderExcluirAdoro os livros envenenados :3
ResponderExcluirEu ia escrever um conto com isso um dia desses, mas ná...
Encaitar, como você não conhece o nome da rosa, cara????? impossível!!!! Encontre o livro ou o filme, os dois valem à pena!
ResponderExcluirVejo que já tenho algo que ler nos próximos dias então ^^
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirKkkkkkkkkkkKKKkkkkkk bonus racial contra venenos KkkkkkkkkkKKKKkkkkkkkkkkKKKkk XD
ResponderExcluirO filme é estrelado pelo grande Sean Connery e o livro é d+ escrito pelo historiador especialista em idade média Umberto Eco.