quinta-feira, 31 de março de 2011

Santo Sabor: Pães medievais


Nada melhor do que o aroma de pão quentinho, recém tirado do forno! Hoje em dia é muito fácil comer um bom pão, mas acredite: na época medieval a coisa era muito diferente. Vamos aprender hoje quais eram os tipos de pães comuns na idade média.
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Um pouco de história
O pão era o esteio da vida medieval: dos nobres abastados aos pobres plebeus, todos dependiam do pão, ainda que o servido na mesa de um duque não era o mesmo servido na de um reles camponês. Até por que, provavelmente, o camponês nem teria uma mesa!

Como bom nerd, você não deve saber disso, mas pão é feito de farinha de trigo. Na época medieval, o processo começava com os camponeses plantando trigo nas terras que arrendavam (alugavam) do senhor feudal. Depois da colheita, era necessário moer o trigo para fazer a farinha. E adivinhem quem era o dono do moinho? Exatamente: o senhor feudal, que ficava com boa parte da produção de seus súditos, como pagamento pelo uso da fantástica tecnologia moedora.

Quer farinha? Use o moinho e pague o quinto ao senhor feudal!
A fim de fazer a farinha de trigo render, os camponeses tinham de acrescentar outros tipos de farinha à receita de pão. As mais comuns e baratas eram aveia, cevada e centeio, mas em épocas de escassez outros grãos podiam ser adicionados, como feijões, ervilhas e até bolotas (oriundas de carvalhos). Já os nobres, em geral, eram os únicos que comiam pão branco, feito apenas com farinha de trigo.

Nas cidades maiores, o pão era geralmente comprado em padarias, já que não se tinha muito tempo para fazê-los em casa.

Padoca medieval!

Receita
Uma típica receita de pão medieval incluiria um fermento natural (feito com cerveja e levedura), farinha (como descrito acima) e mel. Tudo era misturado e levado para o forno. Existiam também alguns tipos de pães não-fermentados, às vezes usados em cerimônias especiais.

Nas casas mais pobres, onde não havia um forno, colocava-se a massa ao lado do fogo, cobrindo-a com um pote virado de cabeça para baixo. Já nas casas ricas, onde havia um forno e muito mais, os pães costumavam ser recheados com frutas secas ou carnes.

Infelizmente é impossível reproduzir com perfeição uma receita de pão medieval, a não ser que você more no campo e tenha acesso a todos os ingredientes fresquinhos. Mas, para você, jovem nerd, que vive na cidade e ainda pede pra sua mãe trazer uma caneca de nescau com bolachas, para que você não precise sair da frente do PC, há receitas bem simples de pão.

Pão recheado do Clérigo
Você vai precisar de:

  • 1 colher de sopa de fermento BIOLÓGICO (não é o famoso royal; peça ajuda a um adulto experiente)
  • 2 xícaras de água morna (não é fervendo)
  • 1 ovo
  • 1/2 colher de sal
  • 1/2 xícara de óleo
  • 1/2 xícara de açúcar
  • 8 xícaras de farinha de trigo
  • alguma coisa boa pra rechear: queijo, presunto, peito de peru, salame...
Dissolva o fermento BIOLÓGICO em 1 xícara de água morna e deixe de lado. No liquidificador, misture o restante da água com o ovo, o sal, o óleo e o açúcar. Jogue essa mistureba numa tigela grande e adicione o fermento dissolvido na água. Aos poucos, vá adicionando a farinha e amassando o grude com a mão. 

Uma dica importante: sua mente nerd vai tentar encontrar um jeito mais fácil de fazer isso, e você se sentirá tentado a usar as duas mãos para sovar a massa. Esqueça isso! Use uma mão para segurar a tigela e colocar a farinha, enquanto a outra se ocupa em amassar a mistura.

Quando você já estiver exausto, sove tudo por mais uns cinco minutos e então deixe descansar, até o fermento agir e a massa dobrar de tamanho. Não se apavore, isso é normal.

Enquanto o pão descansa, unte uma forma de pão, isto é, passe margarina em todo seu interior (o lado de fora não deve ser untado). Após isso, abra a massa e recheie com algo muito calórico e bastante queijo, fechando-a novamente em seguida. Depois, coloque o pão na forma e taque no forno, por mais ou menos 40 minutos.

Se algo der errado, chame sua mãe e diga que a ideia foi do seu irmão.


Fontes
http://www.medieval-recipes.com/medievalrecipes/breadrecipes.htm
o ClérigoSo long and thanks for all the fish!

13 comentários:

  1. santa corvéia, Clérigo!

    ótimo post, informativo e de utilidade publica!

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  2. Segundo os historiadores o pão teria surgido juntamente com o cultivo do trigo, na região da Mesopotâmia, onde atualmente está situado o Iraque. Supõe-se que a princípio o trigo fosse apenas mastigado.

    Acredita-se que os primeiros pães fossem feitos de farinha misturada ao fruto do carvalho a que se chama bolota, landes ou noz. Seriam alimentos achatados, duros, secos e que também não poderiam ser comidos logo depois de prontos por serem bastante amargos. Assim, talvez fosse necessário lavá-los em água fervente por diversas vezes antes de se fazer as broas que eram expostas ao sol para secar. Tais broas eram assadas da mesma forma que os bolos, sobre pedras quentes ou embaixo de cinzas.

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  3. Lembro de um professor meu, da graduação, falando sobre sua imensa frustração ao comprar um pão quando estudava na Grécia. Ele foi a padaria e a atendente perguntou se ele queria um pão fresco ou da semana passada e ele, acostumado com aqui, pediu um fresco. Resultado, ficou dias olhando o pão duro, até ele ficar no ponto pra consumir, já que lá é diferente até hoje, remetendo mais a esse modelo antigo.

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  4. Poxa vida, J. Neves, essa é quase uma lenda lendária!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Caramba, meu pai faz pão assim tb! Vc mora no Rio Grande do Sul, Mestre Walla???

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  8. hehehe, eu nasci em Cruz Alta, lá no interior do interior. Cá pra nós, o pão aí do sul é o melhor do mundo!

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  10. "O lado de fora não deve ser untado"... hahaha, ri muito com isso! Mas não caçoo de quem não tem dotes culinários, pois eu sei como sofrem aqueles que estão aprendendo... afinal, ninguém nasce sabendo!

    Vou tentar fazer aqui em casa para meu alter-ego e o de Odin! Obrigada pelo post culinário informativo, nobre Clérigo!

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  11. Ainda bem que alguém riu da piada, rsrsrs. Mas, amiga Astreya, devo dizer que pães não são minha especialidade (espero não ter errado a receita!).

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