segunda-feira, 4 de abril de 2011

Blogs e Blogueiros: Baronato de Shoah - José Roberto Vieira


Na seção Blogs e Blogueiros de hoje eu entrevisto o paulista José Roberto Vieira, autor do livro "O Baronato de Shoah", a respeito de seu primeiro livro e de suas influências e aspirações literárias.
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De onde veio o nome "O Baronato de Shoah"?
A origem do nome envolve um pouco de misticismo e uma boa dose de loucura. Tudo, na verdade, é coincidência pura… eu acho.

Eu sonhei com o nome “Shoah”, que não me saiu da cabeça, mesmo depois que acordei. Acabei anotando-o e usando no rascunho de um conto não muito bom. Alguns dias se passaram e comecei a ler a “Casta dos Metabarões”, então me veio a inspiração para o título “O Baronato de Shoah”.

Mais tarde descobri, por meio de amigos, que Shoah era a palavra iídiche (ou hebraica) para “Holocausto”. Achei o termo forte e até pensei em mudá-lo, mas conforme fui conhecendo a cultura hebraica, a Kabalah e a história desse povo, fui me apaixonando. Foi questão de tempo até que mais termos fossem incorporados ao livro e os primeiros rascunhos tomassem a forma atual.

Há alguma relação entre o significado original e o fictício destes termos?
Não para todos. Alguns são inspirações, outros são bem próximos. Por exemplo, “Lôrrem” é algo como “Guerreiro” em hebraico. Assim como “Mashiyrra” significa escolhido. Mas outros termos têm pouca ligação com seus originais. De qualquer forma procurei sempre respeitar a cultura judaica.

Um dos capítulos do livro, por sinal, se chama “A noite das facas longas”, que é uma referência à primeira noite de ataque dos nazistas contra os judeus. Foi um período muito violento da Segunda Guerra, e eu sempre achei que poderia prestar meu respeito às vítimas, através de minhas palavras.

O personagem Diren e suas espadas: Ímpeto e Tempestade
Com relação à influências, você leu muita coisa steampunk antes de escrever o Baronato?
Eu comecei escrevendo o Baronato de Shoah sem saber direito o que era Steampunk. Inventava elementos de fantasia com estética vitoriana e mecânica e achava o máximo. Então descobri algumas imagens, textos e vídeos na internet, e só depois o Steampunk como movimento literário e artístico. Agradeço muito ao Conselho Steampunk, pois eles me ensinaram muitas coisas, e eu pude investir mais desse movimento no livro. 

Mas, por incrível que pareça, a maioria das influências do Baronato vieram de jogos de videogame e RPG: Final Fantasy, Zelda, Fantasy Star, Vandal Hearts e afins. Porém sou muito influenciado por Dragonlance, Bernard Cornwell, Stephen Pressfield, Terry Pratchett, e obras francesas, como a Casta dos Metabarões.

Baronato de Shoah tem ligação com alguma campanha de RPG que você tenha jogado?
Não exatamente. O mundo foi criado especialmente para os romances, sem pensar em RPG. Mas alguns personagens, sim, vieram de partidas de RPG, como Kadriatus, o kiy.

Falando nisso, até já me convidaram para transformar o mundo de Nordara em um cenário de RPG, e eu estou muito empolgado com a ideia. Entretanto, não queria trabalhar nisso neste instante: há coisas que quero repensar ou reformular. Criar um cenário de RPG seria apressar as coisas, e os fãs merecem mais que isso. Quero criar um cenário de “steam-fantasy” que realmente faça a diferença para os brasileiros.


O que poderemos esperar da continuação do livro?
Agora que terminei o primeiro livro desejo aprimorar meu estilo e técnica. Quero sanar alguns problemas da Canção do Silêncio (o livro) e também da sheyvet (o grupo liderado pelo protagonista, Sehn Hadjakkis). Muita coisa mudou no mundo de Nordara após o primeiro livro, e essas mudanças terão consequências não só para o Quinto Império, mas para todos.

Há elementos que eu quero descomplicar ou coisas da própria Kabalah (elite do exército do Quinto Império) que eu quero aprimorar ainda. Deixar cada sephirah (as "classes de personagens" dentro da Kabalah) mais peculiar, suas habilidades melhor definidas e suas fraquezas também.

Também pretendo dar mais atenção a dois personagens, Diren e Nadja, que eu gosto muito e cuja história é realmente boa. Na verdade, quero aprofundar todos os personagens, através de suas relações, seus medos e anseios. Mostrar as diferenças de personalidade de cada um e de pequenas discórdias devido a seus pontos de vista. Eu acho que eles precisam evoluir, crescer como pessoas. E todos sabemos que “crescer” envolve muitas dificuldades.

O Baronato de Shoah - Canção do Silêncio

Quais foram as maiores dificuldades para publicar sua obra?
O bloqueio. Algo pelo que qualquer escritor já passou. Há momentos em que o livro, simplesmente, não avança. Nessas horas o melhor a fazer é fechar o arquivo (ou caderno) e ir fazer outra coisa. Passei por isso em algumas partes do livro, mas estou aprendendo a controlar estes bloqueios.

Com relação ao pessoal da editora Draco, eles sempre respeitaram muito a obra e meu estilo, e me apoiaram em cada decisão, mas não sem me indicar o melhor caminho. Sou muito grato a atenção e carinho que eles dedicaram ao Baronato e pela confiança que depositaram no meu trabalho.

A única dificuldade física que existe é a distribuição, já que as livrarias não têm uma tradição de receber livros de fantasia nacionais, elas acabam negando o acesso à suas prateleiras. Mas depois que o público começa a exigir isso delas, a coisa muda de figura. Grandes livrarias estão voltando sua atenção para o escritor nacional, graças a vocês, leitores. E isso tem ajudado muito o Baronato.

Mas é maravilhoso saber que a primeira tiragem do livro se esgotou antes do lançamento, apesar destas dificuldades. Ainda tivemos de correr para imprimir mais para o lançamento, e, para nossa surpresa, lá na loja esgotou de novo! Imaginem a minha cara ao fim do dia, com os dedos doendo de tanto dar autógrafos? Pois é...

Bom, José Roberto, muito obrigado por ceder esta entrevista. Fico feliz em saber que seu livro está fazendo sucesso e mal posso esperar pela continuação.
Eu que agradeço pelo espaço e pela divulgação! Sucesso ao blog do Clérigo!

E aqui as perguntas dos leitores:

Rafael Beltrame: Algumas palavras parecem ter sido retiradas do iídiche. Alguma razão especifica para isso? Depois que eu descobri que “Shoah” vem do iídiche, fui atrás de mais palavras da cultura hebraica. Foi questão de tempo até assimilar esta cultura e usá-la em meu livro. As palavras vieram como que por mágica, encontradas em dicionários on-line e sites. Deu muito trabalho, mas valeu a pena virar a noite entendendo cada uma delas.

Anônimo Qual sua intenção ao interagir com leitores mirins em escolas?
Formar novo leitores. Apresentar a eles a nova geração de escritores brasileiros, divulgar o Baronato e mostrar que há obras de qualidade no mercado. Acho isso importante. Temos o dever, como formadores de opinião, de nos mostrarmos em eventos. Precisamos assumir que somos uma “Literatura de Formação” e que a partir de nossos livros as crianças e os jovens vão respeitar e amar a literatura.

Confira também
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11 comentários:

  1. Nossa, agora estou morrendo de vontade de ler o livro. Particularmente eu sempre gosto de uma boa história, melhor ainda se ela for embasada em algo interressante e cheia de referências. Muito sucesso ao José Roberto e sua obra.

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  2. Ótima entrevista, Adorei essa idéia de construir um cenário Steampunk com esses toques da cultura hebraica. Parabéns XD

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  3. muito legal, e obrigado por responder minha pergunta! abraço

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  4. Tambem fiquei com vontade de lê-lo... será que rola uma promoção pra galera que visita o blog do Clérigo???

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  5. Então, Tiago, eu até conversei com o José, mas o livro esgotou antes do lançamento! Ele inclusive vendeu o dele, pra se ter uma ideia do sucesso que tá fazendo. Mas quem sabe no futuro a gente consegue alguma coisa.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. ah nao, no futuro, vamos exigir um livro para sorteio!
    hehehe

    deixou todo mundo com vontade, agora o negocio é esperar uma segunda impressao

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  8. Esgotou antes de lançar?? Então o negócio é bom mesmo! :D

    Tô louco de vontade de ler *.*

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  9. Hey povos, tudo bom? Venho aqui agradecer a atenção que a galera do blog tá dando pro livro e ao carinho de vocês leitores.
    Realmente, o livro esgotou antes do lançamento, na pré-venda. Tivemos de pedir "copias de emergencia" para a gráfica, que também esgotaram no domingo (o lançamento em si.
    Então estou sem nenhum livro aqui comigo, mas assim que conseguir, faremos um sorteio para os leitores!

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  10. Opa! Valeu José Roberto, e que logo esgote novamente.

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  11. Só um comentário novo: quem puder, clicar em "curtir" la no site da livraria cultura: http://t.co/hjeYW9w

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