quarta-feira, 13 de abril de 2011

Virtude: Lembranças do RPG

E aí minha Galera!
 Para começar com o meu segundo dia de postagens (antes eu postava apenas domingos de manhã), nada melhor que uma história... Uma história de ambição, traição e a coragem de um jovem determinado.Vejamos como eu vou começar essa narrativa...

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Essa história foi baseada em fatos reais.

Era uma vez um grupo de RPG... Mais balanceado improvável, era composto de 4 membros: Um ladino Halfling, de nome Dwin, um guerreiro humano chamado Dornin, um druida elfo que não dizia seu nome, e finalmente, um Paladino Humano, chamado Ulrich.

Estavam eu seu segundo dia de viagem, adentrando aquele bosque esquecido pela vida... O mestre Druida havia sido claro quanto aos problemas que assomavam o bosque: "Algo rouba a vida desse local, nenhum conhecedor das florestas sabe o que está havendo, mas há uma região onde as árvores simplesmente morreram... É lá que devem começar sua busca. Tragam a paz de volta ao nosso lar, então lhes darei o artefato que precisam"

(Se eu fosse contar todo o enredo que se aplica nessa narrativa, incluindo o que levara os aventureiros a tal lugar, eu teria que escrever uns 3 posts só para isso... Basta sabermos que esse grupo de viajantes precisavam de um artefato em posse dos Druidas locais.)


O sábio druida dá seu discurso...
Na primeira noite, eles tinham chegado naquela área desolada... A morte pairava no ar.
O Druida do grupo mal conseguia parar quieto, ele não estava à vontade e o guerreiro e o ladino eram tomados pela expectativa de um combate em breve. Ulrich tinha seu símbolo Sagrado de Torm envolvido em um calor sobrenatural... Alguma coisa pessoal estava breve para acontecer, algo que o paladino tinha mais ligação do que até mesmo os druidas daquele bosque desolado.

A inquietude do grupo cessou na noite desse segundo dia, quando em meio às arvores tombadas eles avistaram aquelas pedras disformes, envoltas em vegetação rasteira.
Era uma ruína... Seria uma ruína qualquer, deixada para trás, se não fosse pelo enorme símbolo de Bane encrustado na abóbada de uma entrada para a escuridão de uma construção subterrânea.

Estava no código da divindade de Ulrich livrar o mundo da poluição dos servos de Bane, por isso, ele nem pensou duas vezes antes de acender uma tocha e se dirigir á entrada da construção.
Por superstição, os demais membros do grupo se negaram a entrar... Não deveriam profanar o templo de um Deus maligno feito Bane, o que os esperaria lá embaixo?

Um templo abandonado a tanto tempo não poderia ser a causa da destruição que acometia o lugar, mas bastou o Druida usar de suas habilidades de rastreio para se confirmar que aquele templo não era abandonado.

Logo, todos estavam indo de encontro à escuridão.


As suspeitas do Druida se confirmaram, pois depois de virarem no primeiro corredor, eles foram surpreendidos por um corredor todo iluminado com tochas!
As tochas não os machucariam, mas os passos descompassados que vinham ao encontro deles o fariam. Logo, esqueletos servos de Bane os atacaram com armas enferrujadas e magias!

O combate foi violento, e quando caíram os esqueletos, caiu também o pobre Ladino, que não teve lugar para se esconder. O Druida fez sua parte, curando-o, enquanto Ulrich observava com repúdia as inscriões nas paredes, que encenavam um sacrifício em nome do Deus maligno.

Andando pelos corredores, o grupo teve de lutar com mais dessas criaturas, até que todos estavam muito feridos.
Despreparados para um combate mais efetivo, acabaram em uma câmara circular, toda em pedra bruta. No outro canto da sala havia um lago artificial, e , depois de uma breve escada, uma porta alta e imponente.

Avançaram. Na situação que estavam, esperavam mais encontrar uma saída do que uma solução para os problemas do bosque, mas nenhuma das alternativas correspondeu com o acontecido.

Quando se aproximaram do lago artificial, foram surpreendidos por uma movimentação brusca na água, que revelou uma criatura horrível!
Era um ser com um corpo alongado, feito uma cobra. Mas suas escamas eram pontiagudas e sua cabeça era humanóide... Sua cauda ostentava um ferrão poderoso.
Depois do aparecimento da criatura, pôde-se notar que a porta de trás foi aberta, e de dentro saiu o causador de toda a confusão.

Era um devoto/clérigo de Bane, ele era careca, usava mantos em coloração verde escura (cor da divindade) e era cheio de tatuagens pelo corpo... Em uma de suas mãos tinha uma maça pesada que emanava energia, na outra tinha o símbolo vil de seu Deus cruel.

Enquanto os aventureiros levantavam suas armas, com suas últimas forças, o clérigo se pronunciou:
"Vocês ousam invadir o recanto do senhor do escuro... Vocês devem ir embora, AGORA"

Paladino: "Você pagará por seus crimes, servo do escuro! Pagará com sua vida!"

Explosões de energia irromperam naquela câmara circular, o clérigo protegido por sua barreira (lago e monstro), lançava suas maldições. Enquanto isso os heróis lutavam contra sua poderosa criatura de estimação.
Não precisa ser dito que a maior parte dos golpes foram direcionados ao Paladino... Da mesma forma que ele odiava Bane, o seu inimigo odiava Torm, isso era o suficiente para torná-lo vítima daquele combate sangrento

Quando finalmente a criatura do Clérigo tombou, todos os aventureiros estavam em seus últimos suspiros, dando ênfase ao pobre Ulrich, que ja não conseguia levantar sua espada.

Foi aí que venho a proposta.

"Evitemos que o sangue de todos vocês seja derramado hoje... Deixem o Paladino para sacrifício e sobrevivam... Quando eu acabar com esse jovem, já terei enviado almas o suficiente para meu Deus, e encerrarei minhas atividades nesse maldito bosque..."

Convencidos de que a batalha estava perdida, os JOGADORES começaram a discutir entre sí se valia a pena todos morrerem por apenas um... Afinal de contas, o Clérigo ia embora depois de matar o companheiro de aventuras...

Ulrich: "Eles jamais fariam isso, suas artimanhas malignas não tem efeito sobre seres honrados!"
Druida: "Tentemos fugir paladino, é nossa única chance!"

Clérigo maligno: "As saídas por trás de vocês estão infestadas de servos da escuridão... Aceitem minha proposta e poderão ir embora por essa porta atrás de mim"

Em um silêncio mútuo, o guerreiro e o ladino largaram suas armas e se dirijiram para a escada... Cabeças baixas, passaram pela porta e encontraram a liberdade.

O Druida olhou para o Paladino: "Eu... Tenho uma missão a cumprir ainda... Não posso simplesmente morrer Ulrich..." E também seguiu o mesmo caminho dos demais.

Clérigo: "Renda-se Paladino... Seu Deus o abandonou. Bane é o senhor das trevas emerece seu lugar, a luz não pode derrotar a escuridão! Torne sua morte rápida..... Largue sua espada"

O Paladino quase caiu na tentação de largar sua arma e se entregar para o destino... Olhou à sua volta e viu que estava sozinho e muito ferido para continuar ( 1 PV).
Pensou na luz que encontraria caso tombasse sem se corromper, pensou no explendor de seu grande Deus imponentemente montado num Dragão Dourado. E decidiu não se entregar tão facilmente.

Tomado por força divina, o jovem Paladino apertou com firmeza a espada em seu punho, correu para frente e, com metade do corpo imerso no lago, lançou sua espada.
A força de vontade e valor do Jovem devoto fez a lâmina faiscar em pleno ar e se enterrar completamente no tórax do Clérigo maligno, que cuspiu sangue e caiu agonizante.

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Isso ocorreu em uma seção de RPG, cerca de 3 anos atrás, eu jogava com o personagem Ulrich!
O desfecho foi interessante... Depois de cair inconsciente na câmara circular, o Paladino acordou e seguiu pela porta dos fundos, só para encontrar os corpos dos antigos companheiros de aventura no chão.

Aquela sala não tinha saída alguma para fora da construção, e Ulrich descobriu que o Clérigo blefara quando disse que as saídas estavam guardadas por servos de seu Deus.

A paz voltou a reinar no bosque, e os outros jogadores tiveram que fazer outros personagens.

Hahahahahahaha



O CavaleiroFelipe Halfen Noll é o Cavaleiro, um apaixonado por fantasia medieval.Quando pequeno, seus olhos brilhavam quando nos desenhos presenciava atos de heroísmo e bravura. O gosto pela coisa nasceu com ele. Veio a conhecer os primeiros jogos de RPG quando tinha 8 anos (num sistema inventado pelo primo mais velho), e desde o momento, nunca mais largou o jogo.

12 comentários:

  1. Muito bom... sempre tem uns jogadores que não dão a minima para os companheiros...

    Uma vez jogando D&D fomos até uma ilha fazer um treco que não lembro o que era... o mar era amaldiçoado e o cara nos deu um barco e disse que seria nossa segurança... eu me esqueci dessa frase...

    No meio do mar, indo pra ilha um Craken surge e o combate começa... nosso mago sentou magias no bicho que continuava intacto, então eu, um bardo, fugi junto com meu colega druida que convocou uma criatura voadora para tal feito...

    O mago continuou lá batalhando e advinha... o Craken não podia acertar o barco que estava abençoado... No meio do caminho fomos surpreendidos por umas criaturas lá e tombamos...

    Moral:
    "nunca abondone um companheiro."

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  2. Sacanagens acontecem, dependendo do grupo alguns personagens acabam até se matando. Fato que na minha opinião não é uma coisa boa.

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  3. Que história interessante! E que mestre esperto, queria ter jogado com ele.

    Só posso pedir uma coisa agora: que venham mais lembranças!

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  4. Se o paladino tivesse sido morto pelo clérigo maligno, acho que isso seria pano de fundo pra um vilão morto-vivo muito interessante xD

    Boa história, cavaleiro. Quem mandou abandonarem o companheiro nas mãos do vilão, haha

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  5. Muito boa história, ainda tenho esperança de conseguir jogar uma seção de RPG presencial.

    O tal clérigo servidor de Bane que apareceu no final me lembrou meu atual personagem em uma Mesa Virtual no RRPG Firecast, Mithr, um Clérigo devoto de Zehir. :)

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  6. Ótima história, em ambos os desfechos possíveis, poderiam ser obtidos ganchos para futuras aventuras. No caso ocorrido, o paladino poderia ter ficado com algum trauma, nunca mais sendo o mesmo ou não confiando em ninguém. Ou mesmo se os personagens dos companheiros não tivessem morrido, os Deuses dos personagens poderiam puní-los de alguma forma e o grupo iria ter intrigas internas relacionadas a traição.

    Gostei bastante.

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  7. Uou!
    Comentários muito construtivos galera!

    @Clérigo: Um ótimo mestre... Ele me ensinou a jogar D&D, mas hoje em dia ele não joga mais. Triste, muito triste.

    @Red: É mesmo... Eu ja presenciei matanças internas, e não é show isso, pode até ferrar com a amizade na vida real!

    @Tiago: Hahaha, muito show, vcs acabaram levando a pior... Uma história muito parecida com a do Paladino Ulrich.

    @Encaitar e Arantes: Infelizmente, o RPG durou pouco tempo depois dessa sessão... Um personagem memorável foi esse. Eu tinha pensado na possibilidade de uma vingança, e com isso um desvio no caminho da divindade, fazendo assim ele se tornar o oposto do paladino, ou apenas um guerreiro paranóico.

    @Mithr: Um dia vc vai jogar RPG presencial! Muito bom ter sua participação no blog.
    O blog tem muito de auto-ajuda, então dÊ uma procurada no meu post: "À Caça de Jogadores"...
    Talvez isso te ajude a encontrar um grupo
    hasuhausha

    Fica um Abraço!

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  8. Então, tava batendo um papo com o Red a respeito deste post, e ressuscitamos uma velha ideia: criar uma seção para relatarmos lembranças rpgísticas.

    Aguardem novidades a respeito...

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  9. Beleza!

    É uma ótima idéia (haha).
    Sempre temos umas experiências pra trocar

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  10. Nosssa apoio total aos posts de lembranças... A ideia eh realmente boa...
    Ah, e, Cavaleiro, parabens pelo belo relato...!!!

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  11. Excelente história. Já vi muito PJ matando PJ na época em que eu jogava vampire, no medieval acho que só uma ou duas vezes, agora situações como a descrita acima já medeparei mais vezes. Não com um desfecho tão trágico, mas já cansei de ver, ladrão, mercenário ou bardo(eu), dando no pé quando a coisa ficava feia, mas nunca acabou com a morte de ninguem, no maximo uns membros quebrados, e um olho roxo do fujão.

    Boa idéia clérigo, se os usuários puderem mandar relatos também avise, tenho umas boas histórias nos meus anos de jogo.

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