quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Lição: O Personagem (Jogador) do Mestre

Olá, classe! Hoje, temos uma lição especial para aquele Mestre que está louco para interpretar um dos heróis, mas, por N motivos, não pode sair de trás de escudo. É hora de falar dos “PJDMs”, os Personagens Jogadores do Mestre!


Como alguns devem ter percebido, ando meio sumido de nosso querido blog. Na verdade, sumido não é a palavra certa: ando atarefado até o pescoço! Por isso, assinei um novo contrato com a chefia aqui e postarei minhas lições de duas em duas semanas. Acreditem, é por vários bons motivos, incluindo alguns lançamentos RPGísticos... aguardem! Voltando a lição...

De 2005 a 2010, fiquei completamente afastado do RPG. O motivo? Falta de Jogadores. Sempre conseguíamos juntar, no máximo, três nerds e a vontade de rolar dados perdia-se. Depois de encontrarmos o Old Dragon, alguns de meus antigos Jogadores ficaram, assim como eu, doidos de vontade de jogar uma campanha, nem que fosse apenas uma ou duas aventuras.

Lembro que foi numa terça à noite, quase à meia-noite, quando nos reunimos para jogar. Éramos apenas três: eu, como Mestre, Daniel e Maiquel como Jogadores. Daniel montou seu clérigo Froyas, Maiquel criou o homem de armas Ossur.

Fichas prontas, Personagens soltos no mundo! Logo nos primeiros combates vimos que, ou diminuíamos o número e o poder dos inimigos, ou arranjávamos mais jogadores. Nenhuma das opções parecia adequada. Foi aí que sugeri: criaria um Personagem para mim e jogaria, além de mestrar. Nesses meus quinze anos de RPG, joguei muito pouco, permanecendo 99% das vezes atrás do escudo. Essa era a oportunidade que eu esperava! Parecia uma solução simples, mas que envolveu uma porção de opções. Se você está pensando em criar um Personagem para interpretar enquanto mestra, aí vão algumas dicas.

Classe/Conceito

O primeiro a fazer é escolher a classe ou o conceito que você dará ao Personagem. Pense no grupo: o que está fazendo falta? Aliás, é realmente necessário um novo Personagem?

Em nossa campanha, mudamos para a terceira edição e criei um bardo para acompanhar os dois aventureiros. O bardo é uma das melhores escolhas, pois reúne um pouco das habilidades de cada classe e ainda permite que você introduza dicas sobre a história e política local. Loto, o bardo, funcionou muito bem e, depois, passou para as mãos de outros dois Jogadores que foram chegando.

Evite personagens com códigos de honra muito rígidos, como druidas e, principalmente, paladinos. Eles contestariam várias atitudes dos demais Personagens e acabariam roubando o foco para discussões filosóficas que, apesar de interessantes, pareceriam mais com “olha o Mestre querendo se aparecer com seu Personagem”.

Personalidade

Mais importante que a classe é a escolha da personalidade. Lembre-se que os protagonistas das aventuras são os Jogadores. Você já é o roteirista/diretor, para que acumular mais essa função? Isso significa que seus Personagens devem auxiliar os Personagens dos Jogadores, mas jamais substituí-los em qualquer situação.

Como exemplo, cito Tráin Sem Voz, um anão ranger que se uniu aos Personagens de meu grupo. Um grupo de gnolls havia arrancado fora a língua do infeliz, tornando-o incapaz de articular qualquer palavra. Desse modo, a diplomacia ficava por conta dos Jogadores, não de mim. Tráin só opinava quando era questionado e teve um destino honrado nos dentes de um dragão, auxiliando os Personagens.

Enquanto cria o background, procure pensar nisso. Evite fazê-lo muito comunicativo, explosivo ou qualquer coisa que possa fugir do seu controle. Prefira tipos mais calados, misteriosos. Além de facilitar a interpretação, esses Personagens são muito mais profundos e dificilmente roubarão a cena a todo o momento, exceto pela desconfiança dos Jogadores. Pense em Golum, em “As Duas Torres”: ele é importantíssimo para a história, mas não seria assim sem Frodo ou Sam.

Por outro lado, não deixe seu Personagem calado o tempo todo. Ele não é um henchman, nem um PDM: ele é um Personagem Jogador e deve dar sua opinião de vez em quando.

Conhecimentos do Mestre x Conhecimentos do Personagem

Você criou a história, então, é bastante óbvio que saiba o que há pela frente. Jamais caia no erro infeliz de contar detalhes demais ou mesmo "entregar o mandolate"... principalmente, cuidado ao tomar decisões: tente pensar como um Jogador pensaria.


Evite a síndrome de Mestre dos Magos
Ontem mesmo, jogavamos nossa campanha quando o grupo encontrou uma paliçada no meio da mata. Eu, como Mestre, sabia que os licantropos ali escondidos já haviam avistado os heróis, mas, meu Personagem-Jogador não! Todo o grupo foi surpreendido pelas defesas dos monstrengos. Do mesmo modo, durante a batalha, eu sabia que o homem-javali, aparentemente o mais forte, estava com apenas 2 PVs e que bastaria uma flecha para liquidá-lo. Mesmo assim, lancei os três ataques de meu Personagem somente nele, como os demas Jogadores vinham fazendo.

Um dos pontos mais interessantes em possuir um Personagem mesmo sendo Mestre é poder lançar pequenas informações adicionais ou mesmo dicas para a resolução da aventura sem precisar esperar encontros com NPCs. Novamente, usar um bardo propicia motivos para recordar lendas e canções antigas sobre aquela tumba, supostamente em ruínas, que os Personagens precisam visitar.

Concluindo

Resumindo, ter um Personagem mesmo sendo Mestre é recompensador. É poder ter os dois prazeres ao mesmo tempo: jogar e mestrar! Além disso, se o grupo é pequeno, permite que tenha, ao menos, um Personagem de cada classe clássica (se for um D&D kind). No entanto, também implica em cuidados para não perder o posto atrás do escudo. Um abraço e até a próxima lição!

P.S: aceita-se sugestões para as próximas lições. Os pedidos podem ser feitos através do formulário abaixo, também conhecido como comentário! :D
Prof. AlessandroAlessandro é professor de Inglês, Espanhol, Português, Religião e Literatura devido à profissão. Cineasta, cientista, astrônomo (não astrólogo...), artista plástico, ator, músico, linguista, poliglota, crítico e escritor devido à paixão. Leitor, RPGista, nerd, cinéfilo, enólogo e ocultista devido à diversão. Maníaco por cultura devido a algum mal genético. Ah, e chato, por pura força de vontade.

10 comentários:

  1. Muito legal o post. Realmente é possível jogar/mestrar ao mesmo tempo!

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  2. Gostei do post. O melhor de jogar e mestrar são os combates que são imprevisíveis para todos de da pra montar uma estratégia junto com o grupo.
    Para proxima matéria acho que poderia ser legal dicas para construir masmorras, e ideias de situações dentro delas.
    XD

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  3. muito bom, vai pros meus indicados da semana.

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  4. Muito bom mesmo! Muitos dos NPCs que criei para acompanhar o grupo se tornaram PCs. Frei Bartolomeu, Mestre Drain, o anão; Minuano, o elfo das montanhas.

    Agora jogo com um personagem chamado Traver, um mestre de armas caolho e muito misterioso.

    Acho interessante quando os NPCs se tornão PCs e incorporam-se ao grupo.

    Excelente Post.

    RPGames Brasil
    http://rpgamesbrasil.blogspot.com/

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  5. Na nossa mesa online eu não havia criado nenhum PJdM, mas com a desistência de dois jogadores, andava jogando com o clérigo Iantumal e com o mago Leonam. Era legal, mas controlar dois PJs e ainda mestrar dá muito trabalho. Por isso fiquei feliz quando o Druida e o Red Dragon toparam entrar na jogatina e assumir esses PJs. Mas quem sabe eu não crio outro PJdM pra acompanhar a galera?

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  6. Muito legal mesmo a dica.

    Nas mesas de Hero Quest, mesmo no papel do Zargon, eu sempre jogava com um Guerreiro Caos portando um "Machado Mágico" =D... Era muito bacana hehe...

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  7. Muito bom o post, professor!

    Eu jogo RPG a bastante tempo, a ponto de dizer que para um mestre criar um personagem aventureiro, ele tem que ser muito experiente na área...

    Muitas vezes o mestre está louco de vontade de jogar, e, mesmo sem a intenção, faz com que seu personagem brilhe mais que os demais.

    Por isso eu não gosto de mestrar e jogar ao mesmo tempo...

    Fica um abraço, certamente voltarei a postar muito em breve!

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  8. @Druida: mas o guerreiro caos não era um dos monstros no jogo??

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  9. @Clérigo: Era sim =)... Mas eu dizia que era um guerreiro amaldiçoado procurando se redmir haha... E a única maneira de fazer isso era ajudando os heróis =D...

    Eu havia me inspirado no "Esqueleto Guerreiro" de Caverna do Dragão...

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  10. A quanto tempo não leio uma lição inteira. Muito boa. Quando uso NPCs deixo a cargo dos jogadores se levam eles no grupo ou não, pois todo o personagem tem sua motivação. E bardo costuma também ser uma das escolhas favoritas de NPC, lembro de um até hoje: Cecil LeGrand. Louco e com um senso de humor um tanto bizarro a ponto de rir de um companheiro por ter perdido a mão em uma armadilha, dizendo que ele devia ter mais cuidado ao fazer as unhas, pois uma regenração era cara... rsrs

    PS.: A sindrome mestre dos magos é um problema as vezes...

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