quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Conversa de Taberna: Meta Jogo e Você: Tudo a ver?


Meta jogo... Quem nunca ouvi essas duas palavrinhas juntas e tremeu na base? Ou ficou apenas boiando sem saber do que se tratava? Contudo, garanto que mesmo sem saber ao certo ao que se refere, todo mundo já fez meta jogo e mais de uma vez na vida...


O primeiro ponto, e de fundamental importância (por isso é o primeiro) é definir o que é meta jogo. E ai, já se esbarra numa celeuma de possibilidade, uma vez que existem várias definições e nenhuma está certa ou errada....
“Meta” vem do grego e, originalmente, significava nada mais do que “após”. O Metafísica de Aristóteles, que lida (entre outras coisas) com “realidades superiores”, além do mundo comum e perceptível, provavelmente nos deu o significado moderno que implica em “além” em um sentido um tanto quanto místico.
Hoje em dia, “meta” também pode ser utilizada com um significado reflexivo, gerando idéias como “metalinguagem” (uma linguagem sobre uma linguagem) e, é claro, “meta-jogo”. Tecnicamente, isso significaria “um jogo de ou sobre um jogo”.



Meta jogo é um termo amplo normalmente usado para definir qualquer estratégia, ação ou método utilizado em um jogo que transcende um conjunto de regras prescritas, utiliza fatores externos para afetar o jogo, ou vai além dos limites suposta ou de ambiente definidas pelo jogo. Outra definição refere-se ao universo do jogo fora do jogo em si. Em termos simples, é o uso de informações em off (fora do jogo) ou recursos que afetam as decisões em on (no jogo).

Na minha opinião, meta jogo é qualquer ação tomada pelo personagem que tenha sido instigada por conhecimento ao qual o jogador tem acesso mas, o personagem não, ou quando um jogador (ou o mestre) se refere a uma mecânica de jogo que acaba com a percepção de verossimilhança do jogo.


 
Não entendeu nada? Calma que a taberneira explica pequeno pimpolho.

“– O nobre paladino pega a sua brilhante espada larga, em um movimento circular, e imbuindo de uma fúria divina, acerta um golpe avassalador no temível capitão Orc, contudo, este inimigo é mais resistente do que se pensava e não sucumbe perante o campeão divino e......
 – Como assim ele não morreu? Aposto que tá só com um ou dois PVs. Ladino dá ai um ataque furtivo!”
“– Não se preocupe não. É só um Troll, joga fogo ou acido nele que resolve...”
  
Bom, esse é o exemplo clássico de meta jogo, e pra falar a verdade, quem nunca fez isso?

O meta jogo acaba, na maioria dos casos, influenciando negativamente o andamento do jogo, seja pela perda da fluência do jogo, seja pelo desinteresse que gera em jogadores e mestres.

Além, de que é e sempre será uma questão complicada, por mais que tentamos nos ater ao máximo aos personagens, de interpretar da melhor forma possível, nosso universo é completamente diferente do deles, e nossa gama de conhecimento muito maior.
No mais, a maioria dos jogadores conhece mais que o livro básico do sistema, conhece as estatísticas, regras de combate, descrição de cenário e fichas de inimigos, o que dificulta ainda mais separar o que o jogador sabe do que o personagem sabe.

Então o que fazer? Simples, tentar ao máximo não fazer meta jogo (na prática não é tão simples, mas na teoria...).
Se seu personagem não tem tal conhecimento, represente isso, seja fidedignos a história e conhecimentos do personagem.
E evite a menção de regras, e de termos que não existem no mundo do jogo, como PVs, Espada + 5, falar enquanto está desmaiado, discutir táticas de batalha no meio do combate como se tivesse tomando chá e pelo amor dos deuses, chame os personagens pelos seus nomes e não pelas suas classes ou nome dos jogadores.

Resumidamente, interprete, é um jogo de interpretação e essa é o objetivo principal do RPG e a melhor tática contra o meta jogo.

Imaginação: É mais importante que conhecimento. - Albert Einstein

Postado por Bel.

6 comentários:

  1. Salve, Bel!
    Muito interessante este conceito que você traz de "meta jogo". Nunca tinha pensado desta forma.

    >Na minha opinião, meta jogo é qualquer ação tomada pelo personagem que tenha sido instigada por conhecimento ao qual o jogador tem acesso mas, o personagem não, ou quando um jogador (ou o mestre) se refere a uma mecânica de jogo que acaba com a percepção de verossimilhança do jogo.

    Por isso sempre preferi RPG's com regras simples e enxutas. Facilitam a interpretação a na minha opinião tornam o jogo mais divertido. Menos regras é mais Roleplaying.

    >O meta jogo acaba, na maioria dos casos, influenciando negativamente o andamento do jogo, seja pela perda da fluência do jogo, seja pelo desinteresse que gera em jogadores e mestres.

    É verdade, o meta jogo atrapalha a "suspensão da descrença", tão essencial nos RPG's como nos livros de literatura fantástica ou de ficção científica.

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  2. Algo que não imponho como regra ao meu grupo, mas que de tanto eu fazer dessa forma eles fazem também, e já reduz e muito a sensação do metajogo é uma medida simples:

    Fora de jogo, antes de começarmos, na hora de fazer aquela interação antes do jogo, nós conversamos pelos nomes comuns normalmente. Quando começa o jogo, esquecemos o nome dos jogadores. De agora em diante, os jogadores não estão alí, são os personagens, se eu tiver que chamar alguém, falar com alguém, fazer uma piada com alguém, qualquer coisa, vou chamar pelo nome do personagem.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Esou tendo miutos problemas com essa "Meta de Jogo", ja tinha repareado a algum tempo que as estrategias dos jogadores não são realistas dentro do jogo. Aqui nos chamamos isso de "Extra Jogo".

    Gostei da imagem do Cascão, hehe. Eu tenho essa revista e gostei muito do que li sobre eles jogando RPG, como um fã deles, foi muito bom vê-los jogando o mesmo que eu (mesmo sendo outro sistema hehe).

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  5. Por isso que eu gosto de mestrar para iniciantes como eu. Eles só souberam sobre o lance do troll tentando (e me trollando quem sabe).

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  6. parabens bel pelo post de excelente qualidade!

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