terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Baforada: Mantendo o Realismo



 Quando nos embrenhamos nos fantásticos mundos de RPG podemos esquecer de certos detalhes que podem ser cruciais e de outros que valem a pena ser mencionados para não só tornar as experiencias mais vívidas, mas também para que os jogadores possam imaginar e entender.
____________________________________________________________


Mantendo o Realismo:

Antes de começar uma mesa de RPG sempre penso no nível de realismo que vou manter, mas nada impede que o narrador demonstre dentro desse eixo pré-estabelecido os outros níveis de realismo ( mesmo em uma mesa high fantasy). Pois até o mago mais poderoso está suscetível a coisas simples como o sono e outras necessidades básicas. Aqui vão algumas dicas de como manter o nível e ao mesmo tempo fazer com que os jogadores percebam que seus personagens ainda estão vivos.

Doenças: São grandes flagelos desde a antiguidade, mas não precisa exagerar, imaginem só aquele guerreiro fortão que na hora mais critica da batalha tem uma diarréia. Ou o poderoso mago que subitamente começa a vomitar ou flatular enquanto tenta dizer as palavras mágicas.



Necessidades: A fome o cansaço a sede podem ser desafios bem maiores que muitos dragões e mostros, imaginem um viajante que precisa cruzar um deserto mas não leva consigo comida e água suficientes, ou um prisioneiro que escapa de seu carcere e tem que enfrentar um pantano para fugir, a sobrevivencia é fundamental, a inteligencia e a força de vontade sem falar nos limites do corpo que serão testados toda hora.


Ferimentos: Muitas vezes não encaramos os ferimentos com o devido respeito, pensem se o corajoso guerreiro tem uma das mãos cortadas a dor vai atrapalhar seus movimentos e sua espada não será tão precisa quanto antes. Lembrem-se que uma pequena agulha colocada em um ponto de um nervo pode incapacitar o bárbaro mais feroz, as sutilezas não param por ai é só se ater aos detalhes do corpo humano.


Entretenimento: Bom não vamos só torturar os personagens, de a eles possibilidades de se divertir como nós nos divertimos, com festas, torneios, teatro, musica, bebida (se for dirigir não beba), esportes etc. Lembre-se que  um baile no castelo pode ser cenário para centenas de ganchos de aventuras.



Romance: Haaa o amor (coisa de humanos), explore o sentimento dos personagens, pode parecer uma coisa boba mas as maiores aventuras tem como tema o amor (veja a Iliada, Odisséia) e o amor pode gerar o pior dos ódios. Até o necromante mais durão e frio ainda tem um coração.


Vicios: Se os personagens possuírem vícios faça com que eles tenham a sençação do que é ser viciado em algo, por exemplo tabaco não é uma coisa que cresce em todo quintal e não é barato e se o personagem não tem dinheiro ou outra forma de conseguir vai passar vontade e pode até não conseguir se concentrar nas suas atividades e isso é um risco para por exemplo aquele ladino que não fumou e tenta desarmar o mecanismo de uma armadilha mortal.



Medos: As fobias são as melhores coisas para impor os mais duros desafios aos personagens, pois imagine como Gandalf se sentiu ao encarar um Balrog de Melkor, até no filme quando eles estão dentro de Moria ele dá sinais de que não quer ficar ali até mesmo antes o medo não o deixava lembrar da palavra magica para abrir os portões.



Culturas: Não é só porque você está em um mundo de magia que todos vão gostar dela e utiliza-la, crie diferentes pontos de vista sobre as forças ocultas ou até povos que a desconhecem ou a detestam e preferem usar outras coisas para obter conforto ou poder.


Ação e reação: Tudo que os personagens fazem até coisas bem pequenas que parecem ser insignificantes podem desencadear uma sequencia de fatos, por exemplo o grupo se depara com monstros e os derrota, mas um escapa com sede de vingança e muito tempo depois esse monstro torna-se lider de uma facção e coloca seus capangas para caçar os aventureiros. E ainda os aventureiros abrem um baú de tesouros que esta abarrotado de jóias e ouro, mas sem saber liberam um espírito que estava aprisionado e que agora em liberdade se fortalece e espalha o caos por todo reino.



Acho importante focar alguns detalhes dentro de jogo, pois quando um personagem encontra uma espada magica o jogador pede ao mestre que a descreva nos mínimos detalhes, então porque não se ater a outros detalhes intrinsecos  que só contribuem para a narrativa.

Por Red Dragon "Lustrando cada detalhe das escamas"
Red DragonRed Dragon, um dragão que estranhamente joga RPG desde que saiu do ovo, adora tudo relacionado aos cenários de fantasia, mestre rodado em vários sistemas, fã incondicional de Tolkien. Mora em um vulcão onde tenta entender os seres humanos.

17 comentários:

  1. bem apontado, amigo dragão.
    existem outras coisas q podem ser consideradas em relação a realidade ou fantasia, como por exemplo, a necromancia. como sera q o povo encararia se o rei morto simplesmente voltasse a vida?

    ResponderExcluir
  2. Concordo com o rafael, mas gostaria de complementar sobre a ativdade arcana. Como é o nível de realismo para as pessoas. Dependendo do universo que você utiliza isto acaba impactando em diversas formas de preconceitos ou até glória. Isto renderia até um bom post.

    Por exemplo: Em cidades mais afastadas dos centros (zonas rurais ou povoados com culturas mais primitivas que não prosseguiram com a evolução do mundo) podem tratar isto como um apocalipse ou um enviado dos Deuses.

    Dá para explorar todos estes assuntos abordados, parabéns.

    ResponderExcluir
  3. Excelente post, Red. Eu estou ensinando uma gurizada lá da igreja a jogar RPG e tenho aos poucos introduzidos alguns desses conceitos, especialmente o que vc disse em "Ação e Reação", para eles perceberem que não estão num videogame, mas que suas escolhas vão surtir efeitos (às vezes não previstos).

    A parte das doenças ficou bem legal também... pobre mago flatulando em meio à magia(seria gás venenoso o nome da magia??? rsrsrs)

    ResponderExcluir
  4. Valeu gente! XD
    @ Rafael: O povo mandava ele devolta para o túmulo.
    @Priest: O nome da magia é Flatulus acidus Analficus. kkkkkkkKKKKKK

    ResponderExcluir
  5. Gostei muito do texto. Direto ao ponto. Várias mesas que presenciei deixa escapar alguns desses pontos e acabam perdendo o sentido.

    ResponderExcluir
  6. Mais de um grupo de RPG esquece que seus personagens tem de comer não é? Fiquei imaginando o ladrão pedindo um cigarro antes de desarmar a armadilha para aliviar o stress no melhor estilo "tiozão da manutenção".

    Quanto a doenças, existem até alguns cenários (Tagmar) onde isso é parte importante do jogo. Lembrei de um cenário do antigo AD&D em que isso era mais ou menos utilizado também que era o Red Steel.

    Agora de todas estas observações a mais difícil de ser utilizada, sobretudo por iniciativa dos próprios jogadores, são os romances, eu particularmente nunca presenciei nas minhas mesas isso acontecer, somente jogador já começar a aventura casado (e até com filhos).

    ResponderExcluir
  7. Poxa, o que o Lan falou a respeito dos romances é verdade. Será que isso não seria falta de garotas que joguem RPG? Falando nisso, nenhuma garota se candidatou para ser autora aqui no blog... será que o blog é tão machista assim.

    ResponderExcluir
  8. Ótimo artigo, realmente. Quanto aos romances, eu concordo, é raro ver isso se desenvolvendo na mesa de jogo. Pode até acontecer, mas nunca perde-se muito tempo nos por menores da coisa. Eu nem tenho uma opinião formada sobre isso, só sei que não me agrada ver um jogador meu me passando cantadas, direcionadas a garçonete dos quadris rebolantes. Haha!

    ResponderExcluir
  9. Legal, nunca pensei nisso, exceto nas necessidades mais básicas mesmo... oO

    As doenças e os vícios, creio eu, são os mais esquecidos. Os personagens (que eu presenciei) são sempre os durões "perfeitos", mesmo os mais carismáticos e desenvolvidos deles... aprendi coisas boas com este post \o/

    ResponderExcluir
  10. Realmente J. Neves IV seria uma situação muito constrangedora. Atualmente na aventura que estou mestrando o grupo é guiado por uma ranger elfa, há dois elfos no grupo e nenhum deles deu em cima dela (ainda bem). Não criei problemas também como na hora de dormir ou levantar acampamento, mas vou começar a testar isto.

    ResponderExcluir
  11. Hehehehe...é que cada autor dá um nome especial para seus artigos, mestre Walla. Sermões do Clérigo, Baforadas do Red Dragon, Meditações do shugenja Hayashi, Pergaminhos do aprendiz de mago Encaitar...

    ResponderExcluir
  12. essa cosia do romance é complicado. acontece muito de quando entra uma garota no grupo, muito cara ja "cai matando", e isso afasta elas. a menos q ela ja seja namorada de um dos jogadores, complica colcoar um romance entre personagens (Claro, sempre tem os npcs.)

    ResponderExcluir
  13. Walla poexá cara evitarei isso com certeza... agora essa tua viagem foi beeem viajona hein cara, algo digno de uma amgia do Presto do Caverna do Dragão.

    Pois é Rafael eu nunca presenciei isso (as poucas vezes que joguei com garotas foi em WoD e acredite, NINGUÉM ia querer dar em cima delas) mas ouço bastante isso por aí em outras mesas, para isso sempre tem a pobre NPC sem sentimento. Agora já pensaram que isso pode ser um gancho para aventuras bastante peculiar?

    O cara passa por uma vila conhece uma camponesa "facinha", "faz o serviço" e saí por aí explorando dungeon, na volta descobre a moça grávida, e o pior descobre que ela filha do rei/prefeito/mago/sumo-sacerdote e terá que assumir a cria ou passar por uma série de desafios paraprovar ser merecedor dela.

    ResponderExcluir
  14. A galera não quer romance nas sessões... querem é sentar a sarrafo nos monstros e pronto... não tem romance, no máximo uma pegaçãozinha... tempos modernos...
    Mas o gancho é bom...

    ResponderExcluir

Seja um comentarista, mas não um troll! Comentários com palavrões ou linguagem depreciativa serão deletados.