quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Lição: O Dono do Mundo

Olá classe! O assunto dessa semana é o cenário de campanha. Vocês já perceberam que em todos os cenários de campanha consta uma frase semelhante a essa: “o mundo é seu”? Mas, o que isso realmente quer dizer? O que significa ser “dono do mundo de campanha”? Todos olhando para a lousa e vamos à lição!
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“Esse mundo é seu”, “esse livro é o esqueleto para que o Mestre construa seu próprio mundo”, “você é o Mestre e sua palavra é a lei”, etc, etc. A maioria dos cenários de campanha possui uma frase parecida com essa, outorgando, de certa forma, o dom da criação para o Mestre. No entanto, poucos são os Mestres que realmente utilizam esse poder todo.
O excesso de informações pode ser um problema em alguns cenários. Percebi isso ao criar “O Reino de Bruntoll”: escrevi páginas e mais páginas descrevendo cada reino, cada cidade, cada pdm importante. Chegou a tal ponto que nem mesmo eu “conhecia” o mundo inteiro. Pode parecer algo bom, mas não é: ao desenvolver minha campanha, sentia-me amarrado ao mundo, com medo de “errar em algum momento”. O mesmo ocorria quando mestrava em Forgotten: com tantos livros, artigos, descrições, eu passava mais tempo lendo sobre o cenário do que escrevendo ou jogando nele...
Você não precisa disso tudo para sua campanha, precisa?
Conclusão: o cenário de campanha não deve ser seguido à risca. A função dele é dar ideias, o ponta-pé inicial para que o Mestre desenvolva a campanha, não ser um compêndio de geografia e história que não possa ser quebrado. Confuso? Vamos a exemplos:
Você decidiu que sua próxima campanha será em Mystara, mais precisamente em Karameikos. Só há um problema: você nunca leu “Karameikos” e tem pouco tempo para bolar o início da campanha. A maioria dos Mestres mudaria de cenário, porque, afinal, não teria tempo para “inteirar-se do cenário” (palavras de um antigo jogador ao ser convidado por mim para jogar em Forgotten Realms...). Balela! Escolha um ponto em que a história começa, leia sobre aquele local, dê uma olhada nos deuses e bola pra frente. O mundo é seu, ora bolas! Se você quiser que exista um forte ao lado de Verge, perfeito, lá está ele. “Opa, peraí” – dirá um Jogador-Leitor – “Não existe um forte ali!”. Simples, use a frase do próprio livro “o mundo é seu”, “sua palavra é a final”.
Lógico, é bom conversar com seu grupo antes de fazer mudanças drásticas (colocar Thri Kreens em Toril, por exemplo) e evite mudar as coisas no meio da campanha (um diário de campanha atualizado evita esse problema).
Simplificar seu cenário, eis o X da questão...
Essa é a principal razão de muitos jogadores mais antigos preferirem o Forgotten do AD&D ao da 3ªE: ele não dava todas as respostas, deixando o trabalho de criação realmente nas mãos do Mestre. O fundamental está lá, o resto, é com você, magrão! O mesmo ocorria na primeira edição de Tormenta: uma rápida descrição do mundo, dos deuses e meia-dúzia de cidades e PDMs... pronto! Os cenários mais atuais preocupam-se demais em poupar o trabalho do Mestre fornecendo tantos dados que o infeliz sai mais perdido do que antigamente.
Na nova versão de “O Reino De Bruntoll” para o Old Dragon, tomei esse cuidado: haverá muita descrição sim, mas de estabelecimentos, background das cidades e dos PDMs, mas nada que prenda o Mestre, deixando-o livre para criar o que quiser. Haverá até mesmo um exemplo de como usar o cenário sem precisar decorar tudo sobre ele.
Então, meus caros, esqueçam aquela ideia de comprar e ler todos os livros de seu cenário favorito. Poupem seu tempo (e sua grana), leiam o básico e inventem o resto. Vocês conseguirão algo mais próximo dos seus desejos e não terão medo de cometer erros. Até a próxima!
Prof. AlessandroAlessandro é professor de Inglês, Espanhol, Português, Religião e Literatura devido à profissão. Cineasta, cientista, astrônomo (não astrólogo...), artista plástico, ator, músico, linguista, poliglota, crítico e escritor devido à paixão. Leitor, RPGista, nerd, cinéfilo, enólogo e ocultista devido à diversão. Maníaco por cultura devido a algum mal genético. Ah, e chato, por pura força de vontade.

7 comentários:

  1. Eu acho que é muito difícil jogar rpg em qualquer cenário sem dar uns toques pessoais neles, afinal como os próprios livros deixam as entrelinhas para serem preenchidas o mestre sempre complementa com a sua visão do cenário.
    Mas o melhor mesmo é criar um cenário!

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  2. Caro professor, essa foi uma das melhores aulas que já tive! Fico ainda mais feliz por que estou usando seu cenário, o Reino de Bruntoll, nas nossas mesas online, e fiz inúmeras modificações para encaixar a história de cada personagem.

    Além disso, foi essa a ideia que tentei transmitir na resenha de Dragon Age: são só 10 páginas da descrição no cenário, mas que para mim abriram um mundo de possibilidades.

    E é por isso mesmo que eu prefiro Forgotten de AD&D, rsrsrs.

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  3. Excelentíssimo post só vou comentar um relato pessoal. Narrei As aventuras dos herois de arton la no iRPG =P Rapaz aconteceu cada absurdo na mesa em relação aos livros. O mundo é em Arton então fraga o naipe.

    Um minotauro druida de megalokk com um cavaleiro de nalmakah e uma halfling da grande colina que foram atras de uma espada flamejante em Giluk nas Uivantes. Afirmei aos jogadores que Beluhga tem um castelo no pico da montanha! AISijasiasias tenso, mas foi muito rox.

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  4. Ótima aula para mestres, Professor! :D

    Mas receio que ela não se aplique a mim, já que eu nunca mestro e gosto mais é de ler os cenários completamente mesmo... assim os meus centavos vão todos (iam, pelo menos) comprando tudo o que vem pela frente, só pelo prazer da leitura D:

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  5. tb acredito nisso. nao gosto de FR pq tem "too much going on", mas reconheço q algumas partes sao do meu agrado.
    quando começamos a jogar RPG "mais a serio", existia uma neura de fazer o mais proximo do que era canone (canônico?).
    hj vejo q é bobagem, e que se o cenário foi bem escrito, ele te dá toda a liberdade de criar e adaptar.

    é por isso que prefiro Greyhawk da 1ed :D

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  6. E quando é que você vai adaptar o Greyhawk para o OD? Estamos no aguardo! Hehehe!

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  7. Vixi! Greyhawk para OD! Até o tio Gygax deixou verter uma lágrima etérea com essa possibilidade!

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