quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Pergaminho: Idioma Comum - Tão Comum Assim?

O bom e velho Idioma Comum. Todos os RPGs o possuem, mesmo que não esteja explícito em regras, e por vezes, nem nas fichas de personagem. É o idioma aceito em todos os lugares, que todos entendem. Mas pensando melhor, o Comum é realmente uma língua assim tão difundida?


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RPG é um jogo de imaginação, e a imaginação não tem limites. Embora muitas pessoas busquem verossimilhança na mesa de jogo, alguns indivíduos podem ter certo preconceito contra supostos exageros no grau de realidade de uma aventura/campanha. Neste post abordarei algo um tanto quanto exagerado, mas que pode tornar o jogo mais divertido (ou mais chato, dependendo do ponto de vista): a Lingüística na mesa de jogo.

De uma forma geral, a Lingüística é o estudo de uma ou mais línguas através do método científico. “Mas nós somos RPGistas, não cientistas! Dããã”. Certamente, mas da mesma forma que um RPGista adquire conhecimentos sobre História (seja real, seja ficcional), de Geografia (ao menos o suficiente para entender a base do que são morros, colinas, cavernas, florestas, etc.), de Matemáticas, e de tantos outros, que facilmente formariam uma grande lista, então por que não exercitar um pouco os conhecimentos a respeito de linguagens? E o melhor: NÃO é preciso ter NENHUM conhecimento concreto sobre a fala ou a escrita de qualquer outra língua para isso!, apenas o bom-senso e o tato para trazer à mesa os exemplos em volta.

O nosso mundo tem centenas, milhares de idiomas diferentes. Uns difíceis, outros simplórios, uns amplamente conhecidos e divulgados, outros falados apenas por pequeníssimos grupos. Porém, para que todas as pessoas do planeta possam se entender, há, assim como no RPG, o Idioma Comum. Aqui na Terra ele já teve diversos nomes, grafias e fonemas diferentes: Grego, Persa, Latim, Francês (entre outros), e hoje estamos ainda no Inglês (o que pode mudar em algumas décadas, com a ascenção da China). É esse Idioma Comum, essa língua-ponte, aceita quase que unanimemente, que permite a maior parte do intercâmbio comercial e cultural entre diversas nações detentoras de falas distintas. Os países/reinos nativamente falantes da língua geral são comumente os mais ricos e influentes de sua época, e sua cultura é facilmente levada aos confins do mundo, aumentando ainda mais sua dominação e atuação no cenário internacional.


“Pára de lero-lero, quero saber de RPG”. Peço perdão pelo enorme número de explicações, mas gosto de detalhar ao máximo o que penso. Assim, o que eu quis dizer no último parágrafo foi basicamente que a relação das línguas nos cenários de fantasia não é diferente do que acontece no nosso próprio mundo: há um idioma dominante, conhecido de todos e por todos compreendido, enquanto todas as outras falas existentes não exercem uma influência tão avassaladora sobre os outros povos. Certo. Será? 

Estamos no Brasil (ou em Portugal, caso um português caia neste post). Aqui falamos Português, que nem de longe é uma língua comercial e influente nesta era, embora já tenha sido, séculos atrás. O idioma “oficial”, por assim dizer, da espécie humana é o Inglês, queiram os antiamericanos aceitar isto ou não. Nisto vem um problema: nós, brasileiros (ou portugueses), falamos que língua em nosso quotidiano? Pensamos em que língua? A maior parte de nossas atividades é exercida em que língua? Se alguém disse Português, BINGO! Pois vejam a que conclusão chegamos: o Inglês, a linguagem de intercâmbio comercial e cultural, nos é tão útil no dia-a-dia quanto nada, embora possa ser-nos de imensa utilidade para trabalho, diversão e possíveis viagens a se realizar pelo globo. A falta de conhecimento a respeito da Língua Comum não é caracterizada como uma falta tão grande (dentro do país em que se vive), seja no mundo real, seja no RPG. A sociedade continua fluindo, comercializando e evoluindo culturalmente, sendo que apenas uma minoria de seus habitantes é, de fato, competente e engajada o suficiente para dominar com perfeição o Comum/Inglês.


A ligação direta disto tudo com o RPG? Bem... o Comum é comum, muuuuuito comum, até. Mas não é o único idioma que existe. A simples missão de aventurar-se no reino vizinho pode provar-se imensamente dificultosa aos personagens por simples problemas de entendimento com os habitantes de lá, falantes de outra língua. Os PJs teriam que achar um jeito de conseguir fazer contato, talvez aprendendo diretamente com o povo de lá (um método um tanto quanto demorado, e que dependeria de alguns testes de Inteligência durante todo o tempo), ou usando magias de comunicação (Compreensão de Linguagens!), ou talvez mesmo contratando um intérprete (já vi um pobre norteamericano perdido no Brasil tentando conseguir informações, a cena é triste...). 

Devemos lembrar que Inglês é a língua mais difundida, e o Chinês, a mais falada, mas o nosso Português faz muito barulho por aí afora. Basta apenas imaginar algo semelhante no RPG e teremos uma Torre de Babel RPGística sem ter pronunciado uma única palavra estrangeira.

12 comentários:

  1. Este assunto me interessa muito, afinal sou professor de Inglês e sei que este idioma "comum" não é tão comum assim.

    Eu acho que, caso se deseje um maior grau de verossimilhança, poderia-se admitir que os personagens conhecem sua língua materna, tendo o idioma comum como uma segunda língua, se este já não for sua língua materna.

    Imaginei-me mestrando em inglês, tendo os jogadores a árdua missão de se comunicar comigo no nível de inglês que possuírem, ilustrando assim a dificuldade de comunicação que seus personagens teriam. (mesa online... aguarde, hehehe)

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Quer ferrar seus personagens? Faça uma campanha em Faerûn (Forgotten Realms) e faça-os visitar Zakhara (Al-Qadin)

    Verão o que é ferrar com a comunicação dos jogadores hehehehehe.

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  4. Pior é jogar star wars tem um zilhão de linguas e o mestre tem que inventar no improviso rsrsrsr é complicado.

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  5. Bem lembrado Red. Star Wars é um prato de linguística huaahuuahauh.

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  6. Vou te contar... Adoraria invadir aqui, mas... como?

    Vamos colocar as cartas (e os preços xP) na mesa e a gente conversa direitinho.

    Então, sobre o post, no último RPG que joguei (D&D mundo de Warcraft) o querido mestre colocou zentas línguas comuns. Acabou que o mais comum está sendo o élfico.

    Difícil é quando ninguém fala élfico. XD

    Beijos!!

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  7. @Aayla é só clicar aqui e mandar algum material

    http://oclerigo.blogspot.com/2010/12/anuncio-quer-ser-um-autor-no-blog-do.html

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  8. Não sei se sabe, mas é a Tifa do RPGdm (mesmo eu não sendo de lá de verdade... xD) Esqueci de avisar... XD

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  9. No problem, mas eu já desconfiava =D rsrsrs bom vc aparecer por aqui..se puder comente os nossos posts e se quiser fazer parte da equipe abra esse link que eu passei no comentário anterior e muito obrigado pela visita XD

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  10. Old Dragon é interessante sobre este assunto. A língua inicial do personagem é apenas a materna (comum para humanos e halflings, anão para anões, élfico para élfos). Ou seja, não teve inteligência mínima pra falar a língua do parceiro do grupo, não se comunica com ele. :)

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  11. Bom saber que o blog não ficou desamparado enquanto eu viajava. Seja bem vinda, Ayala, pode comentar à vontade! Precisamos de alguém para tirar o Rafael Beltrame do topo da lista de top comentaristas, hehehe.

    Outro cenário fantástico com relação à linguística é Talislanta.

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  12. Excelente post, e exatamente um tema que eu ia abordar em meu blog!

    Como vc já fez uma ótima explanação, me limitarei a dar idéias de como trabalhar com idiomas variados nas aventuras.

    Se quiser dar uma olhada, sai amanhã: http://escudo-do-mestre.blogspot.com

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