sábado, 26 de fevereiro de 2011

Aleatório: evoluindo seus itens junto com você

Itens. Aventureiros não conseguem ficar longe (e nem durar muito tempo) sem um monte de traquitanas. Desde uma simples armadura de couro ou adaga (quem nunca teve esses?) até o grimório do arquimago e espada destruidora de mundos. Mas agora pensem comigo, não seria mais legal se os itens evoluissem assim como seu personagem?
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Não meus amiguinhos felizes da árvore, não vou descrever um sistema numérico complicado explicando como fazer combos e como calcular XP para armas e armaduras, vocês sabem que não é minha praia ficar na parte mecânica da coisa. Falo dos itens dos personagens terem histórias próprias, de certa forma terem alma própria.

Para começar eu acho itens mágicos ou fantásticos muito mais legais quando eles tem uma boa história vinculada, pessoalmente detesto itens mágicos produzidos em série (isso foi uma das coisas que me fez não apreciar muito a 4ª edição de D&D). Acompanhem minha linha de pensamento, que charme teria o um anel de Tolkien se não tivesse uma história? Que graça teria excalibur se ela não fosse a espada na pedra destinada a ser possuída apenas pelo legítimo rei?

Mas o que geralmente aconteçe nas mesas é algo assim:
Mestre: Após uma difícil batalha vocês finalmente vencem e podem se apoderar do tesouro que agora é de vocês.
Ladino: Eu vou até o báu no fundo da sala, verifico se tem armadilhas e depois abro.
Mestre: Você não percebe nehuma armadilha, dentro do báu além de vários objetos de ouro e prata há uma espada.
Guerreiro: Eu pego a espada e começo a examinar, ela tem algo de especial?
Mestre: Há incrições na lâmina escritas na lingua dos antigos, rola um teste de inteligência.
Guerreiro: *joga o d20, tira 19* Isso! O que eu descobri?
Mestre: Está escrito "língua de fogo" na arma, e ao ler essas palavras a lâmina fica vermelha e muito quente, coberta por pequenas chamas vermelhas. É uma espada flamejante.

Então o guerreiro todo feliz da vida sai da dungeon junto com o grupo para a cidade mais próxima. Chegando lá ele simplesmente vende a sua espada antiga por algumas moedas, a mesma espada que foi sua companheira de treinamento por anos a fio, que salvou a sua vida e de seus companheiros inúmeras vezes, que de certa forma foi sua melhor amiga durante boa parte de sua vida até aqule momento. Ele simplesmente vende por uns trocados um pedaço de si mesmo, pois um guerreiro desarmado e quase nada. Ele não sabe de onde veio a sua arma nova, mas ela machuca mais os oponentes então está tudo ótimo.

Entendem o quero dizer? O item sem história, que diz nada ao personagem e nem sobre ele é adotado enquanto que o antigo que poderia dar boas oportunidades de interpretaçõa evocando o passado do personagem ("eu e minha espada somos um, sofremos e lutamos juntos, perdemos e fomos vitoriosos juntos. E juntos iremos para a batalha final.") é simplesmente deixado de lado e some da crônica como se nunca tivesse existido. Perdoem esse chato aqui mas eu vejo isso como um desperdício de roleplay.

Antes que alguém pergunte eu não sou contra personagens poderosos, é legal ter superpoderes e sair por aí quebrando a fuça de quem apareçe (não é a toa que rpgs de super heróis como mutantes & malfeitores e 3D&T fazem sucesso). O que eu não aprecio é certos sacrifícios de interpretação que são feitos até inconscientemente em nome da mecânica.

Então o que fazer cara? Ficar com aquela mísera espada comun quando eu tenho uma montante vorpal +5 a minha disposição? São perguntas bem razoáveis, e acredito que possa respoder a elas. Faça os itens evoluírem junto com você. Vou usar um exemplo da minha mesa de RPG. Tordek Machado Quebrado era o último membro de um antigo clã anão, ele sonhava conquistar fama e glória como guerreiro e encontrar uma boa mulher para restabelecer o seu clã (sei que parece um pouco a história de um certo sasuke). Ele usava como arma o mesmo machado do fundador do clã, no entanto a magnífica arma estava quebrada e corroída pelo tempo; em termos de mecânica eu considerava como um machado grande comum. Após várias aventuras o grupo acabou salvando um mestre ferreiro anão, como agradecimento ele reforjou e consertou o machado de Tordek; a arma se tornou obra-prima. Algum tempo depois ele junto com o grupo foi parar no subterrâneo onde uma enorme força militar composta de orcs e trolls ameaçava os reinos anões. Após a primeira grande batalha Tordek fez uma jura sagrada em nome de Moradin e das almas daqueles que morreram ali que protegeria seu povo até sua última respiração, então os espíritos de vários de seus acestrais anões surgiram e concederam parte de seu poder transformando o machado em uma poderosa arma mágica.

Entendem o que quero dizer? Em vez de simplesmente achar armas e armaduras mágicas aleatórios em um báu acho muito mais interessante fazer de modo que os itens tenham seus poderes devido as suas histórias. Uma lança matadora de dragões pode ter pertencido ao cavaleiro Cedric Dracomar que com ela matou o rei dos gigantes das montanhas cinzentas; um escudo da reflexão pode ter sido de Kaila Brakian que o usou para derrotar as irmãs górgonas feiticeiras. E eu sinceramente acho que um item fica muito mais legal ainda se a sua lenda for sendo construida junto com a do personagem.

Entendo que algumas pessoas podem achar contraditório eu dizer que não gosto de itens mágicos em cada esquina e depois ficar dando eles "de graça", mas há um pouco além. Eu como mestre poço fazer isso, mas também usando meus "poderes de mestre" faço com que o valor do upgrade mágico seja discontado do tesouro que o personagem recebe na aventura, assim a mecânica continua equlibrada e temos um acréssimo na história que pode enriquecer e muito nossas narrativas. Enfim se o item for importante para o personagem; seja arma, armadura, amuleto ou qualquer outra coisa é bem legal fazer ele evoluir junto com o personagem. Veja a espada de lâmina invertida do protagonista de samurai x que ilustra a abertura desse post por exemplo. Somente uma arma estranha para pessoas comuns, mas com uma imensa carga dramática para aqueles que conhecem sua história e a de seu dono o ex-retalhador Kenshin Himura.
Hiago AzuredHiago Azured, Roleplayer 4/Powergamer 1; tendência:??? FOR 8, DES 12, CONS 10 INT 17, SAB 9, CAR 15 Além de rpgista é metaleiro, DeMolay, nerd, otaku e agnóstico. Costuma chamar as pessoas de "manolo", tem leve tendência a falar de forma exagerada, joga todo e qualquer cenário/sistema que aparecer em sua frente. Por algum motivo considera a amizade verdadeira uma forma superior de amor. Anime favorito: BERSERK. Mora no Acre e é criador do Crônicas do Nerd Perdido.

14 comentários:

  1. Tinha escrito coisa abessa, mas deu problema, que raiva...
    a pressa é uma bosta!

    Enfim, em resumo: Isso seria perfeito se tivesse uma mecânica por trás, Funcionaria perfeitamente em 3D&T.
    seria só questão de comprar vantagens com os pontos de XP ao longo das aventuras e relacionar os efeitos a arma.
    exemplo: Uma espada flamejante, poderia ser a vantagem Golpe especial

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  2. Obrigado por comentar Fã da Daemon. Sinceramente não sei o que está acontecendo, desde o meu post sobre humanos (o último da séries sobre raças de RPG) a quantidade de comentários nos meus posts caiu absurdamente. É claro que é de se esperar variação, mas estou sinceramente surpreso pela força da queda e por ela se manter ao longe de sei lá 3 ou 4 posts (incluindo o malfadado post sobre berserk, sobre o qual assumo inteira responsabilidade).

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  3. Beleza de post! E nem sempre é necessário melhorar magicamente a arma. Relembro o caso de Ossur: ele ganhou uma adaga de um líder de uma cidade importante, com ela, salvou-se de virar comida de crocodilo e matou um escorpião gigante. Ao encontrar os restos de uma espada de um antigo herói, Ossur deixou sua adaga na tumba, num ato de respeito que tocou a todos na mesa. Não foi simplesmente "livrar-se" da arma, ele quis homenagear o herói morto com sua arma mais querida, levando os restos da espada para que essa fosse reconstruída por ele mesmo.

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  4. Eu achei fantástico, Hiago, pois acho que cada item mágico/especial deve ter um histórico tão completo quanto o do personagem que o empunha.

    E não se assuste com a queda nos comentários... é sempre um sobe e desce danado!

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  5. CARA esse post me lembrou a história do Never winter nights King Maker. Onde o seu personagem tem uma arma mágica que vai evoluindo com o personagem, é muito legal!
    Mandou bem Hiago! XD

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  6. Valeu pelo feeedback pessoal. Vivendo e aprendendo hehe. Sabe professor no caso eu ia evoluindo o machado do dito anão porque a história encaixava e era a arma "de uso" do personagem, é claro que é possível fazer qualquer item se tornar emblemático, como o chapéu de Indiana Jones por exemplo. Mas no caso nem todos os jogadores tem maturidade suficiente para sacar isso, ir como eu fiz pelo menos é um jeito de começar a ter roleplay.

    Ah! Mestre Walla, nomes de personagens icônicos são recorrentes em muitas mesas, já vi vários personagens chamados Tordek, Lidda, Jozan e Krusk. Principalmente Krusk! Mas como disse um certo homem sábio "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma."

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  7. Não te preocupes com os comentários, Hiago, pois leio todos os posts, às vezes atrasado, mesmo que eu não comente em alguns deles :)

    Pois é, é avacalhação um personagem abandonar o equipamento que carrega por qualquer coisa achada por aí (que pode muito bem estar amaldiçoada).

    Idéia pros mestres incentivarem os jogadores a interpretarem os itens: quando eles abandonarem algum equipamento velho que já tenha uma boa história junto do personagem por algum item supostamente "melhor", façam o item trazer um problema beeeem grande pra eles xD

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  8. Senhores, essa é uma das grandes verdades! Um item mágico não é coisas que se acha facil na loja da esquina! Mesmo quando vamos comprar um, ele tem uma história!

    Essas historias deveriam acompanhar cada item para que os jogadores deem mais valor!

    Bela postagem!!!!

    RPGames Brasil

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  9. bem bolada a postagem, mas penso q cada caso é um caso.
    um guerreiro q passou por diversas batalhas pode ser muito apegado a sua espada, mas tb pode "consumir" uma espada a cada grande luta. ou melhor, pode estar sempre indo atras de uma arma mais eficaz.

    pode tratar a arma como parte de si mesmo, ou como uma ferramenta de seu trabalho.

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  10. Então rafael, é como eu disse no final do post, se o item é importante para o personagem é uma boa evoluí-lo. Na verdade tenho uma certa simpatia pela classe samurai do tormenta RPG onde a katana do personagem vai evoluindo.

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  11. Bom post Hiago, mas acho que não devemos ser muito radicais em relação a itens magicos. Por exemplo, se temos um mundo tipo a Terra-média itens magicos seriam raros, logo teriam uma historia por tras deles certo. Se temos um mundo onde a magia é mais abundante armas elementais não seriam dificeis de serem adquiridas, ou mesmo substituidas. Normalmente não me importo com isso, mas gosto quando jogadores tem a iniciativa de criar uma arma e leva-la consigo, procurar melhora-la atraves de magia, buscando meios de aprimora-las.

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  12. E aí temos a beleza do RPG senhores! Podemos fazer as coisas como bem entendermos porque elas rodam no processador mais poderoso que existe, a imaginação.

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