quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pergaminho: Os Pergaminhos e Suas Variantes por Sistema

Antes de começar o post nesta quinta-feira peço desculpas pelo atraso nos Pergaminhos, mas o motivo real é simples: derrubei uma poção que acabou com o tapete de urso de meu mestre, e ele incitou-me a cumprir pena de alimentar as suas bizarras criações.


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Tendo sido isto esclarecido, vamos ao que interessa: 

Há assunto melhor para um mago tratar do que algo referente ao seu próprio ofício? Quero hoje fazer um pequeno texto a respeito do uso dos pergaminhos, mostrando sua história e minha opinião sobre suas variantes em alguns jogos. 

O nome “pergaminho” vem da palavra grega “pergaméne”, e o objeto em si tem sua origem (crê-se), na forma que conhecemos tradicionalmente, na antiga cidade (também grega) de Pérgamo. O pergaminho é basicamente uma superfície onde se escrever, feito de pele de carneiro, cabra, ovelha ou bezerro, tendo sido usado em larga escala até a Idade Média, quando então o papel tornou-se o suporte de escrita padrão. 

Nos mundos de fantasia, o pergaminho é um material útil, e geralmente relacionado à magia, embora esta conotação sobrenatural atribuída pelos cidadãos mais humildes não esteja, de fato, totalmente correta. Pergaminhos são usados amplamente por todas as classes sociais letradas, servindo como bases de dados, armazenando informações, como plataformas de cálculos e negociações, como códices de leis e tratados religiosos, e até como lista de nomes de prisioneiros, entre inúmeros outros usos, ou seja, não são objetos estritamente ligados à magia, e sim mais ao quotidiano do povo. 

De todas as utilizações do pergaminho, há uma pela qual possuo afeição especial, que é, sem sombra de dúvida, a arcana. 



Imbuir pergaminhos com encantos, feitiços e efeitos mágicos é algo um tanto quanto comum a personagens magos, afinal é bom ter uma “reserva” de magia para quando seu mana falha. O problema é que em cada sistema de regras diferente, pergaminhos são tratados distintamente. Em alguns, apenas personagens de classes arcanas podem utilizá-los, enquanto em outros, eles estão liberados para todas as classes. Em alguns a utilização deles é tão certa quanto o resultado de 2+2, enquanto em outros eles estão sujeitos a falhar e/ou causar desastres aos possuidores. Resumindo, são itens que geram diversas concepções e opiniões, de acordo com a visão do criador do jogo A ou B. Quero expressar o que eu, em minha opinião totalmente pessoal, acho desses parâmetros, adiante: 

Pergaminhos Exclusivos – Estes são aqueles liberados apenas às classes arcanas. Geralmente são itens incompreensíveis às outras pessoas, escritos em idiomas antigos e complicados, como o Dracônico. 

Por que é BOM restringir pergaminhos apenas a classes conjuradoras: nunca haverá o risco de o bárbaro com 6 de Inteligência (que pode ser a inteligência do personagem, apenas interpretada, ou a do jogador, em alguns casos) destruir a vila com uma bola de fogo; a restrição criará uma aura de mistério sobre esses objetos, dando um clima mais interessante quando se lida com eles. 
Por que é RUIM restringir pergaminhos apenas a classes conjuradoras: um grupo sem magos perderia boas chances de interpretação (e destruição) sem esses itens; um não-conjurador acuado numa situação de risco poderia usar um pergaminho para se safar de um destino trágico, caso suas próprias habilidades não tenham resolvido um problema. 

Pergaminhos Caóticos – Há pergaminhos que podem não funcionar corretamente depois de utilizados. Um teste deve ser feito, e uma falha resulta no gasto do pergaminho, sem ter conseguido alcançar o efeito dele, ou seja, o pergaminho é passível de falha. 

Por que é BOM usar os pergaminhos caóticos no jogo: os personagens não confiarão tanto na magia para resolver todos os problemas, focando-se mais nas suas habilidades do que em itens, e só utilizarão estes em casos extremos, esperando que a sorte lhes favoreça. 
Por que é RUIM usar os pergaminhos caóticos no jogo: às vezes é bom saber que se está pisando em terra firme e não numa corda bamba, e a segurança de um plano prestes a ser bem-executado motiva os personagens e os jogadores. Se houverem menos imprevistos possíveis (o que não quer dizer o Mestre não possa armar OUTROS imprevistos para os incautos aventureiros), a animação para jogar pode ser maior. 

Creio que escrevi demais para um post só, mas não acabou ainda! No próximo post tentarei falar um pouco sobre pergaminhos amaldiçoados, e dar algumas idéias e ganchos de aventuras envolvendo estes itens tão incríveis.

9 comentários:

  1. otimo post!

    eu gosto de pergaminhos, sao faceis de colocar em aventura.

    acredito q se o DM pretende liberar pergaminhos para outras classes, q faça apenas com os de proteção (proteção a mortos vivos, proteção ao caos, proteção a ninjas, etc)

    claro, estamos falando dos pergaminhos magicos.
    gosto tb de usar pergaminhos como livros (encaitar, fazendo um pedido, tem como fazer um post sobre tomos historicos?), assim como os chineses tinham "livros-pergaminhos"
    http://www.ancientchinalife.com/Ancient-China-books-2.jpg

    o livro dos magos do 2ed tem muitas anotações legais sobre grimorios, pergaminhos e bibliotecas, vale a pena dar uma conferida

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  2. Nossa, esse post vai ter que ser expandido mesmo! Pergaminhos, livros, bibliotecas... é muito assunto relacionado. Mas pode deixar que eu vou fazer um especial sobre escribas, a pedido da Astreya (se não me engano).

    Eu acho que é isso aí mesmo: há pergaminhos e pergaminhos. Alguns podem ser utilizados por qualquer um que saiba ler, enquanto outros só o poderão mediante o conhecimento de uma língua morta/secreta, ou através de poder arcano.

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  3. É Encaitar vc vai ter que re-inaugurar a biblioteca de alexandria pq o tema do seu post é enorme.

    Acho que a possibilidade de uso do pergaminho está na capacidade do seu possuidor.

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  4. Pô, Beltrame, esses pergaminhos-livros chineses parecem os suportes de panela que a gente tem aqui em casa, rsrsrsrs.

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  5. Sobre material, durante grande parte da história, os ocidentais usaram apenas o papiro. Q pra quem já teve contato, é uma droga de frágil, ruim de escrever, etc. Os europeus, por outro lado, assim q descobriram o pergaminho tornavam as coisas mais duráveis, embora os romanos tb tivessem criado o bonitinho e moderadamente funcional bloco de cera. Ótimo pra guardar informações, péssimo pra qq outra coisa além disso.

    Os chineses, assim q inventaram o papel, não pararam de usar mais! Pudera, em relação tanto ao pergaminho de peles (q é o q formalmente designa o termo "pergaminho". Já q origem vegetal indica algo mais próximo de "papel") qto o papiro ele é muito melhor! O papel q conhecemos hoje não muda muita coisa. Até pq, temos as mais diversas gramaturas e tolerâncias a água, o q permite inclusive usarmos tintas mais fluidas e aguadas nele tranquilamente.

    Em D&D 4th, qq um pode usar um pergaminho (q só contêm Rituais e não magias. Rituais = Magias mais utilitárias e menos combativas da 3ª edição: Disco Flutuante de Tenser, Abrigo de Leomund, etc.), mas apenas Ritualistas (Talento) podem fazê-los. Em L5R, as magias dos shugenjas são postas em coisas (q eu considero) erroneamente chamadas de pergaminhos (scrolls). Errôneos pq são papéis, oras! Mas, numa certa ilustração do livro da 1ª edição, vê-se nitidamente um shugenja usando um pergaminho mais "chinês" (feito de palitinhos de madeira, o estilo q acho mais bonito, inclusive pela sonoridade, q parece o da ilustração).

    O uso de pergaminhos como "magias reserva" acho q foi um dos maiores contribuintes pro clima "magia banal" de D&D.

    L5R usa esse esquema de "magia falha". Todo shugenja precisa passar num teste de invocação antes de fazer a magia. Se não passar, a magia falha. Simplesmente não acontece nada (mas isso infelizmente está sujeito à babaquice do Narrador). O shugenja tb precisa de tempo (várias rodadas de tensão pro grupo XD) para invocar determinada magia, mas pode encurtar o tempo subindo a dificuldade do teste de invocação.

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  6. Nada como a sabedoria oriental... Mas olha só a ideia que tive: publicar um rpg no formato de pergaminho (como esse na foto do post). Imagina o clima que ia dar pra sessão, o mestre chegando com um baita rolo de pergaminho debaixo do braço! Só ia ser ruim para fazer consultas, rsrsrs.

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  7. Vou me lembrar desses "tomos históricos", Rafael. Só fiquei confuso sobre o que eles são realmente... são aqueles rolos de pergaminhos que mediam centenas de quilômetros (olha o exagero xD), ou aqueles livros feitos com folhas de pergaminhos? De qualquer jeito, posso abordar os dois num post só :D

    Ih, Hayashi, eu esqueci de dizer que o papiro era usado antes do pergaminho, valeu por lembrar sobre isso! A respeito dos sistemas, eu optei por não abordar nenhum em particular porque simplesmente não tenho todo esse conhecimento sobre diversos sistemas/cenários que muitos outros têm xD

    Seria meio trabalhoso produzir esses jogos-pergaminhos em larga escala, creio eu, mas a idéia é ótima, Clérigo! Com a foto que o Rafael Beltrame postou ali, tive uma idéia também, de fazer um "pergaminho" daquele tipo, em formato chinês, o qual, concordando com o Hayashi, achei muito interessante e mais bonito do que as contrapartes européias, que são só um negócio liso pra escrever xD

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  8. Mania de msn, esse excesso de "emoções" depois das frases... >.<

    Espero que me perdoem por isso, mas não consigo deixar elas de lado quando convesando... ^^

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