terça-feira, 10 de maio de 2011

Draconhecimento: Dentro da Tempestade

Dentro da tempestade os estandartes se cruzam em um mar de fúria e sangue.

Dentro da Tempestade




O primeiro movimento veio das hostes vermelhas, pois as cinco legiões comandadas pelos acólitos marcharam para o sul e tudo em seu caminho era reduzido a cinzas. Pilhagens após pilhagens as cinco legiões chegaram às montanhas e de longe avistavam a muralha de Armonalv.

O rei Gamesh foi alertado e se reuniu com os patriarcas perante Prothean o dourado, os boatos de uma possível guerra se espalhavam como pólen ao vento, a cada dia mais notícias chegavam da fronteira e uma sombra de insegurança e medo se instaurava nos corações do reino da aliança.

Em seu profano covil Krovak planejava dia e noite, pelas informações que havia recebido de seus generais o medíocre povo do sul não era tão medíocre assim, agora ele tinha a certeza que seus antigos irmãos de escamas metálicas estavam por trás da ascensão desses humanos patéticos, e não seria fácil derrotar seus exércitos. Mas Krovak tinha um trunfo em suas mãos, pois entre todos os tesouros que lhe foram ofertados abarrotando sua caverna de ouro, havia um que poderia lhe dar a vitória.

Aconselhado por Prothean, Gamesh enviou embaixadores até o acampamento das legiões inimigas, eles tinham a missão de tentar conseguir um acordo com seus ferozes inimigos, mas como se diz “foi oferecer vitela aos lobos famintos”, pois no dia seguinte um vigia da muralha avistou grandes lanças onde estavam fincados os corpos dos embaixadores. Quando essa notícia chegou aos ouvidos do sábio rei ele percebeu que não poderia evitar o inevitável, seu exército foi reunido sob a liderança dos Aurox (guerreiros da Ordo Prothean) que conduziram as hostes até a muralha.

Krovak reuniu seus escravos, dragões cromáticos que lhe juraram lealdade, e com a força de suas centelhas eles ajudariam a serpente rubra a criar o maior de seus artifícios, pois Krovak possuía uma relíquia das eras primordiais, um demiurgue, uma joia que seus próprios irmãos criaram a partir das energias místicas do cosmo. Esse precioso artefato permitia que a vontade de alguma criatura viva fosse transferida para dentro do microcosmo da joia, e assim a pedra poderia ser imbuída em qualquer outra coisa que compartilharia o poder da vontade cerrada no artefato. 

Enquanto isso a tensão aumentava na fronteira, ataques surpresa matavam mensageiros, vigias eram alvejados com flechas e emboscadas matavam batedores. Prothean sentiu uma dor lancinante em seu peito durante a mesma noite que Krovak forjava sua arma suprema, pois do fogo nasceu Kaliburn a ruina dos dragões e nela Krovak depositou seu demiurgue, sua vontade, carregada de ódio e sede pelo poder. Mas não seria um de seus campeões que portaria a mais poderosa das armas.

Em uma noite chuvosa um mensageiro chega ao acampamento das cinco legiões, apressadamente ele se dirige até uma grande tenda, minutos depois um homem de imensa estatura sai e começa a soar sua trombeta de chifre, o som percorre todo o acampamento despertando todos os soldados e mais quatro homens gigantescos que pegam suas armas sorrindo. Em menos de uma hora eles levantam acampamento e sob o som dos trovões e tambores, marcham para cumprir seus destinos.

Os sinos de alerta na imensa muralha soam sem cessar, os soldados tomam suas posições, a chuva se transforma em uma tempestade que profetisa a fúria que está por vir, dos portões de Armonalv até o horizonte os soldados avistam tochas e escudos vermelhos as cinco legiões, o maior exército já criado sob a vontade de um dragão.

Os acólitos marcham na dianteira de suas tropas, quando a água da chuva se mistura as pontas das flechas lançadas da muralha, um grito de comando ecoa e a chuva de lâminas é parada nos grandes escudos vermelhos que protegem o exército como um imenso telhado. Segundos depois as fileiras de escudos são desmontadas e do centro da formação surge uma imensa maquina feita de ferro e fogo, um aríete que é empurrado por centenas de escravos, as flechas continuam a cair matando por mera casualidade, mas o aríete avança, pois um dos acólitos acoita os escravos com um chicote de chamas. Os gritos e gemidos se distorcem com a dor, e a chuva espalha o sangue pela terra. 

Como o som dos trovões e a força dos raios o aríete se choca contra os portões da muralha, óleo fervendo despenca por orifícios da fortaleza fritando a carne dos valentes que tentam escalar as paredes, mas algumas escadas entre as centenas conseguem levar seus passageiros direto para o topo, onde soldados os esperam com medo em seus olhares. Os Aurox empunham suas espadas e com imensa habilidade trazem a morte para as hostes inimigas.

Bem acima dos portões um acolito chamado Rax sacudia seu martelo matando todos em seu caminho, crânios eram esmagados e a moral das legiões que assistiam crescia, até que um Aurox resolveu enfrentar a massa de músculos furiosa, o duelo se seguia enquanto o aríete colocava a prova os engenheiros da aliança dourada.

Rax era portador de uma das armas do poder, Trolldon o martelo vulcânico, nem mesmo a mais forte armadura conseguia resistir a um de seus golpes, foi o que Felgreen o Aurox notou quando seu escudo se partiu em migalhas ao defender um golpe do gigante inimigo. Com seu braço ferido o Aurox sabia que não poderia lutar por mais tempo, se aproveitou de uma brecha na defesa de Rax e o trespassou com sua espada, mas incrivelmente o homem continuava a lutar e mais feroz do que antes com uma das mãos jogou Felgreen para fora da muralha e seu corpo despencou por dez metros até se chocar com as fileiras de escudos dos inimigos.

A madeira dos portões estava suportando os impactos ferrenhos do aríete, até que um estrondo fez os soldados da aliança perceberem a fúria crescente de seus inimigos, pois os ferrolhos se quebravam e o metal rangia. O gingante Rax abria caminho pelas fileiras e atrás dele vinham mais e mais soldados da legião. A moral das tropas da aliança havia sido abatida quando Felgreen caiu. Quando tudo parecia perdido e os raios anunciavam a vitória das legiões, um imenso rugido ecoou e uma revoada de dragões argênteos surgiu das tempestuosas nuvens, eles carregavam imensas rochas que lançaram sobre seus inimigos os esmagando como formigas, a fúria dos dragões prateados se abateu, fazendo as tropas da aliança recuperar o folego para continuar a lutar.

Só os acólitos ousaram desafiar a força dos dragões, mas pagaram um enorme preço, pois Rax teve o corpo partido em dois com um golpe das serpentes de prata, o aríete foi destruído e as tropas vermelhas debandaram. Quando a chuva cessou e o sol veio iluminar os portões do amanhecer a batalha tinha acabado, mas a guerra estava apenas começando.
Por Red Dragon "Recuperando o fôlego"
Red DragonRed Dragon, um dragão que estranhamente joga RPG desde que saiu do ovo, adora tudo relacionado aos cenários de fantasia, mestre rodado em vários sistemas, fã incondicional de Tolkien. Mora em um vulcão onde tenta entender os seres humanos.

7 comentários:

  1. Pelas minhas barbas!

    Excelente "baforada", meu nobre amigo!

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  2. Hum, agora quero saber quem vai ficar com a espada Kaliburn... será o rei Arthurio? XD

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  3. Eu como um Dragão digno, digo, essa foi o mais bem sintonia de um menestrel, só sendo outro dragão para tanto. Muito bom Red Dragon, parabéns vlW (y) Thay.Narrador, o Dragão Dourado.

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  4. Muito bom, como de costume!

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