terça-feira, 7 de junho de 2011

Crônicas da vida medieval: Os trabalhadores

Dante não se sentia confortável na presença dos homens que o Conde Augusto, de Santa Vitória, lhe havia cedido. Não era preciso que fossem cavaleiros, afinal iriam apenas auxiliar a construir uma pequena muralha, mas Dante não esperava que fossem prisioneiros. Os seis homens estavam acorrentados pelos pés e mãos, e Dante deveria conduzi-los daquela maneira até o vilarejo de São Lourenço, o novo povoado sendo erigido por Sir Tomas.

Contudo, temendo por sua vida, Dante planejou parar no mosteiro de São Lourenço, onde havia deixado o monge que fora atacado na estrada, e de lá mandar uma mensagem para Sir Tomas, requisitando mais homens para fazerem a escolta dos prisioneiros trabalhadores. O vilarejo de São Lourenço distava um dia do mosteiro de São Lourenço. O que Dante ainda não entendia era o porquê de Sir Tomas ter dado ao vilarejo o nome de um mosteiro decaído, que ficava tão longe da nova localidade.

Durante a viagem até o mosteiro, o cavaleiro manteve-se um pouco à frente do grupo, para poder ficar de olho neles. Não foi difícil, afinal os pobres homens vinham a pé, enquanto ele montava seu belo cavalo. O único momento em que se aproximaram foi no início da tarde, quando pararam para descansar e comer.

Naquele instante, Dante deu-se conta de duas coisas: não conseguiriam chegar ao mosteiro naquele dia, pois os homens estavam exaustos; e os prisioneiros não podiam representar ameaça alguma a sua vida, pois pareciam extremamente abatidos e incapazes de tentar qualquer reação. Mais do que isso, Dante percebeu, no olhar da maioria deles, uma tristeza profunda.

Sem dar muita atenção a isso, o cavaleiro retomou a marcha, pretendendo andar o máximo que pudessem, antes de pararem. Quando a noite caiu, Dante deu ordens para que os homens montassem um acampamento improvisado e dormissem. Ele mesmo, contudo, não pregou os olhos a noite inteira, mas manteve a vigília para que nenhum dos prisioneiros fugisse. Para sua surpresa, todos dormiram pesadamente e não esboçaram reação nenhuma.

Foi só no dia seguinte, já perto do meio dia, que Dante e os prisioneiros trabalhadores conseguiram chegar ao mosteiro.

- "Boa tarde, padre." - disse o cavaleiro.
- "Boa tarde, filho." - respondeu o monge. "O que podemos fazer por este grupo de viajantes?"
- "Solicitamos abrigo para um ou dois dias, padre, e um mensageiro."
- "O abrigo é já lhes está garantido. Até três dias podeis ficar conosco. Mas nossos mensageiros não costumam ir muito longe. Até que localidade ele deveria ir?"
- "Graças, padre. Solicito um mensageiro que possa ir até o vilarejo de São Lourenço, há apenas um dia de viagem aqui do mosteiro. Preciso que Sir Tomas envie uma escolta para ajudar-me a levar estes homens até lá."

A expressão do monge demonstrou surpresa, e o cavaleiro ficou intrigado. O padre então lhe disse:

- "Meu filho, não será necessário enviar este mensageiro, eu receio. Sir Tomas está aqui no mosteiro, neste instante, em reunião com o abade. Posso avisar-lhe de seu intento em falar com ele, assim que o encontro entre eles terminar."

Dante olhou intrigado. Não sabia que Sir Tomas viria para cá, mas recebeu a notícia com alegria. Isto pouparia um bom tempo de viagem.

- "Por favor, padre. Se puder avisá-lo, eu agradeço."

O monge fez um sinal afirmativo e retirou-se, depois de indicar onde o grupo poderia descansar.
o ClérigoSo long and thanks for all the fish!

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Obrigado Mestre Walla! Vou tentar incrementar os próximos, para merecer mais comentários.

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  3. Um pacato dia de viagem, prisioneiros, e uma chegada ao mosteiro sem problemas... se o mar tá mais calmo do que de costume, é sinal de tempestade vindo xD

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