segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Post do Leitor: A Lenda de Amok, a Besta de Olhos Verdes


Pessoal, este conto foi escrito por Rodolfo Pôrto, um amigo meu. Espero que ele se anime para colaborar mais vezes, pois achei a história muito legal!


A Lenda de Amok, a Besta dos Olhos Verdes


No final de todos os verões, os povos do norte comemoram a época da Colheita durante o Equinócio de Outono. A festa é farta, as comemorações duram três noites, juntamente com vários rituais em homenagem a colheita.

Um destes ritos é o Ritual da Beladona, um ritual de fertilidade realizado pelos servos da natureza. Este ritual é realizado de várias maneiras diferentes de acordo com a tradição do Círculo Druídico local. Alguns Círculos do norte têm o hábito de cumprir com este ritual usando a benção da Forma Selvagem, como uma reverência ao poder que recebem da natureza. Todos que nascem dos Rituais de Beladona terminam por servir à Mãe Natureza, mesmo àqueles que habitam vilas.

Há muitos anos, o casal de druidas mais poderoso da região das montanhas participou do ritual em sua forma mais imponente, os nobres tigres. No fim do inverno seguinte o filho deles nasceu com olhos verdes e ferozes.

Ambos ficaram felizes com o nascimento da criança, mas em poucos meses perceberam que ela teria um destino diferente. Durante o Ritual da Beladona seguinte, com cerca de três meses de vida, os olhos da criança ficaram fendidos como os de um felino e meses depois, no fim do outono, apareceu Ganzoo.

Ganzoo era famoso por ser um dos mais poderosos druidas do norte, um dos poucos nômades que tinha influência em diversas terras. Ele soube da fama da criança e queria iniciá-lo nos caminhos por ele trilhados. Chegando dias antes do inverno, levou o bebê que mal tinha seis meses para ser ensinado.

Amok aprendeu o druídico e o silvestre antes de aprender a língua dos homens, durante os primeiros oito anos aprendeu as Leis da Natureza e como elas davam poder aos druidas. Foi a vários lugares junto com Ganzoo, que quando viajava apresentava criaturas, homens, elfos, rakdos e onis que o tinham em consideração. Depois dos primeiros anos passou a ter um ano para as tradições a cada dois de seu treinamento, então viajava pelos círculos do norte para aprender seus modos e costumes. Varias vezes teve com seus pais, apesar de terem entre si o mesmo tratamento que teriam entre druidas comuns, demonstravam eventualmente um pouco de orgulho paternal.

Ao completar seus dezesseis anos Ganzoo deu o aprendizado por encerrado e levou Amok a uma floresta onde foi apresentado a um grupo de animais muito peculiares, lá ele foi avisado para falar apenas quando permitido. Ele foi levado aos Guardiões, animais de várias espécies que receberam o Despertar como presente da natureza para que intermediassem certas relações entre os seres vivos.

Um tigre chamado Tapio chamou Amok para conversar, questionou sobre suas habilidades, seu treinamento e falou de suas fraquezas, com isso Amok se irritou tanto que atacou Tapio. Tapio derrotou Amok com facilidade e, rindo com sarcasmo da atitude do rapaz, se disse alegre, pois Amok demonstrou o orgulho e imponência de um tigre em todos os instantes, mesmo no logro. Tapio entregou a Amok um filhote para que criasse e tivesse como companheiro, seu nome era Yagard.

Após isso os ritos de passagem foram feitos. O primeiro rito, o Selo do Corpo, foi feito segundo a tradição dos guerreiros, onde ele ficou desarmado no centro de um círculo e nove guerreiros lançaram suas nove lanças e Amok teve que desviar de todas intocado. O segundo foi o Selo da Magia, onde ele enfrentou as forças extremas da natureza, mares tempestuosos, montanhas em avalanches e planícies geladas sem usar nada que não fosse seu próprio corpo e seus poderes durante um ano viajando sozinho, sobrevivendo da caça nos picos gelados e conseguindo frutas em desertos, sem companhia, apenas seus poderes. E por último o Selo do Propósito, o rito final onde ele recebeu seu símbolo, sua Marca Druídica, durante o ritual Ganzoo pegou um saco de ossos que, Amok veio saber depois, eram de diversas criaturas das quais ele se alimentou durante sua vida (inclusive nos anos em que ele estava ‘viajando só’).

Ganzoo colocou os ossos em uma pedra e começou a transformar os ossos em uma máscara, entregou-a a Amok dizendo “Estes são os ossos que sustentam sua vida, símbolo das pequenas vidas que alimentam a sua vida hoje assim como um dia sua vida alimentará outras vidas. Isto é ciclo, assim tudo acontece e assim deve ser sempre. Este é seu juramento, defender tudo o que te traz vida, entender e respeitar o ciclo, fazer com que ele seja sempre mantido. Nenhuma árvore deve cair só pela queda ou ganância, nenhum animal deve morrer se não for para alimentar outro ser. Ossos quebrados serão sua sina e sua perseguição se impedir a vida de começar, se não a manter ou se permitir que ela não termine em seu momento. E uma gota do seu sangue será a fúria da maior das tempestades enquanto essa máscara for seu destino.” Os dizeres de Ganzoo foram gravados como parte do rito no verso da máscara para que todas as vezes que Amok a vestisse ele lesse.

Esta é a lenda da vida de Amok, a vinda da Besta será escrita no futuro.
Rafael BeltrameRafael Beltrame adora estudar a história do D&D (nos tempos da TSR) e ler módulos dos anos 70-80. Blogueiro compulsivo, trabalha em muitos projetos ao mesmo tempo e não se adapta muito bem às mudanças no campo da informática. Gostaria de morar na Village of Hommlet.

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