terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Entrevista: A Importância da 5ª Edição de D&D

Olá, classe! Como vocês já devem ter lido no post da Bel, teremos uma nova edição do D&D em breve. E, afinal, o que isso implica para TODOS os RPGistas? Com certeza, é muito mais do que você imagina. Confira nessa entrevista com o Old Combo o que há de tão importante nessa nova edição.


A Wizards revelou estar trabalhando em uma nova edição do Dungeons and Dragons. Nos últimos meses, você deve ter lido isso uma porção de vezes, mas, agora, é oficial, como vimos no post de ontem da Bel (afinal, o post dela tem muito mais valor que a notícia do New York Times, né galera?).


Em um furo de reportagem, armei uma entrevista via e-mail com o Old Combo, os autores do Old Dragon, para saber o que eles pensam sobre o assunto. Para quem não conhece, estamos falando de Mr Pop, Dan Ramos e Fabiano Neme.

 O Old Combo ainda pousou para um retrato... (tá, eu não achei foto dos três juntos, e daí?!)

1 - Qual sua opinião acerca de uma nova edição do D&D, após 4 anos de lançamento da 4ª?

Mr. Pop: Antes de mais nada hoje nós tivemos o anúncio do desenvolvimento da 5e. Então, não temos como saber quando exatamente (eu aposto em agosto de 2013) que teremos a 5e no mercado. Eu acho que 4 ou 5 anos entre uma edição ou outra um tempo bem razoável. O que complica na questão aqui é que provavelmente (esperamos que sim) os livros da 4 não sejam compatíveis com os livros da 5e. Aí sim um ou outro jogador pode ficar chateado por ter investido em algo obsoleto.

Sim, sempre tem aquela conversa que os livros não se fecharam e coisa e tal que você pode jogar até morrer e etc. No entanto, todo mundo também sabe que o ser humano, o homem mais especificamente e o NERD como CLIENTE pra acertar em cheio, tem uma enorme preferência por jogar, colecionar, se divertir com algo que seja atual e que ainda tenha suporte. Nós até gostamos de dar umas estilingadas no Baldurs Gate, mas é legal também se divertir no Dragons Age.

Neme: Eu acho que é o reconhecimento da Hasbro de que não fizeram um bom trabalho com a 4E. O próprio crescimento da OSR demonstra isso, que, apesar de ter nascido na era 3.5, teve seu boom durante a 4e. Mas o D&D vai encontrar um cenário bem diferente e hostil quando sair a 5e. Quando a 3e saiu, os pedidos por uma nova edição eram vários, coisa que não tinha quando a 4e foi anunciada. E mais: pela primeira vez vão ter algo a provar.

Dan: Como o Antonio disse, acho que se for lançado na Gencon do ano que vem, é até um bom tempo. O sistema não está saturado como a 3E estava (ao menos para os jogadores gringos) na época, mas a Wizards certamente está com um problema e precisa resolver - no caso, eles precisam ativamente atrair jogadores antigos que largaram o D&D. Como disse o David Ewalt, esse jogador que passou vinte anos jogando seu AD&Dzinho sem se preocupar em acompanhar os lançamentos posteriores (sabemos que há muita gente assim) não é interessante para eles, e ao contrário da política anterior eles agora querem esses caras gastando dinheiro no produto deles novamente. Também querem diminuir as guerras de edições e tentar recuperar o pessoal que foi para o Pathfinder, nem que consigam convencer poucos a voltar.

2 - Qual a importância dessa nova edição para o RPG em si?

Mr. Pop: Muita ou toda. O D&D é o carro chefe do mercado. Seu nome quase se confunde com o próprio conceito da coisa e uma nova edição das suas regras sempre movimenta o mercado de uma forma ou de outra.

Neme: Pra mim é absoluta. O D&D é o RPG mais importante do mercado. Sem ele não haveria o Old Dragon, sem ele eu não seria quem sou hoje. Por isso acho importante manter o D&D vivo.

Dan: Se ficar bom, mesmo, eu voltarei a jogar uma nova edição de D&D! (risos) Bom, D&D é a marca mais importante do RPG mundial. Por mais que alguns fiquem de mimimi, o mercado precisa que esta franquia ganhe novos fôlegos e faça sucesso sempre. Além disso, essa é uma chance única de a Wizards mudar o comportamento bairrista que adquiriu com a 4E e finalmente fazer as pazes com muitos consumidores descontentes. Vejo muitos fãs da 4E que hoje não jogam mais, e não acreditam na Wizards. Se a empresa conseguir a façanha que diz, que é criar um D&D que realmente sirva para vários estilos de jogo, vai ser bom para todos. Se rolar uma licença mais aberta, melhor ainda. Mas ainda tem muitas águas para rolar, e não dá pra especular demais porque no início do desenvolvimento da 4E, foi essa mesma empolgação

Você acha que é fácil manter vivo um jogo por tanto tempo?

3 - Duas coisas que você gostaria que aparecessem nessa nova edição:

Mr. Pop: Uma OGL usável e Caixas de cenários com props.

Neme: Improvisação e poder para o mestre.

Dan: Personagens mais customizáveis e regras mais elásticas.


4 - Duas coisas que você NÃO gostaria que aparecessem nessa nova edição:

Mr. Pop: Dragoncoisas como raça de jogador e o estilo da arte da 4e, que é muito bonita, mas não gosto num livro de RPG.

Neme: Equilíbrio absoluto e regras acima de decisões do mestre.

Dan: Poderes e classes iguais e limitantes, e arte que parece um baile de carnaval (ao menos boa parte).

5 - Em sua opinião, a presença de Monte Cook pode trazer o D&D a um clima mais 3ª edição ou você acredita em uma inovação maior?

Mr. Pop: O Monte é anterior à 3e no D&D. Ele foi autor de alguns livros na 2e principalmente da linha do Planescape então pode dar um ar ainda mais retrô que apenas se voltar à 3e. No entanto eu não acredito muito nisso. E torço muito para que ele consiga consertar o jogo para níveis acima da 3e. Algo que me afastou do D&D e que me fez nem sequer conseguir chegar ao meio da leitura do Pathfinder.

Neme: Eu nunca escondi que considero o Monte o cara mais foda da indústria. Acho que ele vai fazer um ótimo trabalho, se tiver um mínimo de liberdade criativa.

Dan: Tudo pode acontecer. Com essa nova postura aberta de respeitar feedback (aproveitaram a ótima ideia do Pathfinder), é possível que o Monty consiga "cozinhar" novas ideias e esse sistema modular para cada tipo de campanha. Isso se a Wizbro não cortar as pernas do cara – mas duvido muito que aconteça, ao menos até os básicos serem publicados.

6 - O lançamento prejudicará o Old Dragon?

Mr. Pop: De forma alguma. Muito pelo contrário. Se o D&D5e for algo bem diferente do OD nada muda. Continuamos com um sistema que gostamos de jogar e para jogadores que gostam do OD. Se ele for algo muito similar, aí sim teremos mais sorte por que amparados na OGL poderemos expandir a base de jogadores. De uma forma ou de outra acho que o OD e a comunidade em torno só têm a ganhar.

Neme: Não só não prejudicará o Old Dragon como não prejudicará a OSR como um todo. Acredito que temos uma vida própria e desenvolvemos um estilo de jogo bem particular, que, mesmo sendo o nicho do nicho, se mantém por suas próprias pernas.

Dan: De modo algum. O OD tem uma base sólida de jogadores/fãs que jogam outras coisas, incluindo D&D 4E, Pathfinder, 3E, AD&D... Ou seja, nem todo mundo joga OD porque odeia a 4E, e sim porque achou bacana a ideia do jogo. Se a 5E for mesmo esse balaio todo, acho que vamos continuar tendo boas opções de jogos de fantasia.

7 - Vocês comprariam a nova edição se ela estivesse a venda hoje?

Mr. Pop: Não. Mas a Redbox talvez comprasse um livro do jogador para facilitar algum trabalho de conversão e adaptação. Mas como livro de jogo, como livro pra colocar na coleção não. Talvez como ferramenta de trabalho.

Neme: Vai depender. Se tiver o que pedi no 3 e 4, provavelmente. Mas com certeza não serei um early adopter como fui na 4e. Se bem que, no fim das contas, foi bom eu ter sido um early adopter quando lançaram a 4e...

Dan: Eu preciso saber antes como vai ser. Se for parecida com a 4E, não compro. Se for diferente e me agradar, compro com certeza!

8 - Qual autor (vivo) deveria fazer parte do desenvolvimento?

Mr. Pop: Se ainda estivesse vivo o Gygax. Tenho certeza que ele seria convidado pra dar peso à reestruturação e por que não dizer dar um pouco de "legitimidade" a coisa toda. Eu traria para o desenvolvimento o David Zeb Cook, o cara por trás do AD&D que tivemos traduzidos aqui no Brasil nos anos 90.

Neme: Pra mim eles já tem o cara, que é o Monte Cook. Tem eu também, mas meu contrato com o Old Dragon é vitalício, então não vai rolar :P

Dan: Hum... Acho que o Ed Greenwood. Ele seria uma grande força para trazer de volta o fluff evocativo ao D&D! (isso se já não está no time)

Então, moçada, era isso! A nova edição sacudirá os pilares do RPG mundial, seja de modo positivo ou negativo! E nós ficamos esperando ansiosos pelas novidades. Muito obrigado ao Old Combo pela atenção, um abraço a todos e até mais!
Prof. AlessandroAlessandro é professor de Inglês, Espanhol, Português, Religião e Literatura devido à profissão. Cineasta, cientista, astrônomo (não astrólogo...), artista plástico, ator, músico, linguista, poliglota, crítico e escritor devido à paixão. Leitor, RPGista, nerd, cinéfilo, enólogo e ocultista devido à diversão. Maníaco por cultura devido a algum mal genético. Ah, e chato, por pura força de vontade.

7 comentários:

  1. Sempre gostei da empolgação por trás de todo lançamento de uma nova versão de D&D. Vou esperar anciosamente, e como já comentei no post da Bel, acredito que em 2014 seria uma data provável para lançamento, já que teriamos aniversário de 40 anos do sistema (se não estou enganado).

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  2. Entrevista muito bacana. É legal saber a opinião de quem está ativo no mercado nacional também, já que até agora só tinha lido matérias sobre a opinião dos gringos.

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  3. Muito legal! Adorei saber a opinião de quem entende do assunto. Vamos esperar o melhor de D&D 5E e nos preparar para o pior! Esse é meu lema!

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  4. Muito legal a entrevista. Parabéns.
    E sobre a 5ª ed... Quem viver verá! xD

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  5. Realmente. E com todo o respeito àqueles que gostaram da 4a edição, mas acho muito improvável que a 5a traga conceitos e mecânicas de jogo ainda piores. Acredito que a Wizards tenha aprendido com os erros e que tente, como muitos especularam, retomar a essência do jogo, trazendo de volta elementos da 2a e 3a edição.

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