segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A Magia Vanciana de Vance e Gygax

Bom pessoal, vamos falar então sobre esse tipo de magia.
Para começar, “vancian” ou “vanciana” refere-se ao  termo usado para o modo como o D&D lida com o sistema de magias: os magos têm uma capacidade “x” de memorização de magias, elas precisam ser estudadas e após lançadas, são esquecidas.



A principal fonte deste método está no livro Dying Earth, de Jack Vance (e como podemos ver, é de seu sobrenome que vem o termo “vanciano”). A história se passa num futuro que mistura tecnologia e magia, dando um clima meio como no desenho “Os Bárbaros”, em minha opinião.  Magia e tecnologia se misturam, e as pessoas já não sabem bem onde elas se separam.
Este sistema usado por Jack Vance seria então adotado por Gary Gygax no D&D.
Alguns jogadores não gostam deste sistema: já li criticas do tipo “é limitado”, “pouco customizável” e coisas do tipo.

 Eu já penso diferente. Vejo no sistema vanciano algo simples, onde customizações “para dar cor” podem ser feitas sem problemas. Se o jogador quisesse que a Bola de Fogo tivesse uma cara de caveira, que Mísseis Mágicos fossem socos azuis voadores (Hadouken!) e que Sono fosse uma purpurina na forma de areia... não vejo o por que de não fazê-lo.

Existem tantas magias diferentes, se formos considerar todas as edições do D&D (só o ad&d 2ed tem uma compilação de QUATRO volumes, com 288 páginas cada – o Wizard’s Spell Compendium), que a chance de fazer algo TOTALMENTE inovador é pequena.

Infelizmente, não tenho nenhum :(


Sobre “lançar e esquecer”, eu vejo de forma positiva. No mundo de Jack Vance, as longas e complexas fórmulas são memorizadas através de muito estudo, e após a invocação por palavras místicas, elas somem da memória. Vamos pensar algo semelhante: o “mana” é a energia mística que existe no mundo e nas pessoas. É como o “Ki” ou “Qi”, a energia vital  presente em algumas culturas orientais.

O mago é um “receptáculo” deste poder, e sua capacidade de armazenar mana é limitada (até que ele aprenda a controlar melhor isso, e expandir essa capacidade). Assim que as fórmulas e runas são visualizadas em sua mente, elas são liberadas na forma de magia como conhecemos, e o mago “queima” essa energia necessária para fazer a magia. Não são as palavras de Gygax ou Vance, mas a explicação que dei se aproxima bem do que eles usavam em seus mundos.  



O mago do sistema vanciano tem uma eterna busca por conhecimento. Mesmo um jogador que opte por um sistema em que a magia é criada por ele, acaba por repetir essa magia várias vezes, o que de certa forma se assemelha ao sistema vanciano de memorizar algo. 

Independente das regras, todo sistema tem seus prós e contras, e os jogadores se adaptam àquilo que lhes agrada, que se assemelha ao seu estilo de jogo. Não devemos julgar um tipo  como sendo melhor que outro, mas sim um tipo que se acomoda melhor em nosso estilo de jogo. O sistema de Jack Vance é o melhor para o meu estilo. E o seu?  
Rafael BeltrameRafael Beltrame adora estudar a história do D&D (nos tempos da TSR) e ler módulos dos anos 70-80. Blogueiro compulsivo, trabalha em muitos projetos ao mesmo tempo e não se adapta muito bem às mudanças no campo da informática. Gostaria de morar na Village of Hommlet.

13 comentários:

  1. Pra mim esse sistema de magia tem um paralelo muito comum no mundo real.

    Afinal, quem nunca estudou para uma prova um dia antes e esqueceu tudo um dia depois?

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  2. Muito legal, acho que pro meu estilo tambem prefiro a magia Vanciana. Esse negocio de esquecer depois da prova é uma coisa chata já que a gente nem aprende realmente, fica tipo em um compartimento de reserva do cerebro, kkk

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  3. se acontece com as "simples"formulas matematicas e a compilação de um livro, pq não acontecer com bizarras formulas magicas

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  4. Cara, essa comparação do Vitor Nardino foi o melhor resumo sobre magia vanciana que já vi!

    Valeu pelo post, Beltrame, fiquei curioso pra ler esse livro do Vance. Obrigado pela dica!

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  5. Poxa, muito legal mesmo, apesar de eu nao gostar muito deste método de magia, prefiro algo estilo joguinhos de videogame! kkkkkkkkkkkkkkk

    Mas realmente o Vitor deu um exemplo perfeito deste sistema de magias ^^

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  6. Sobre a floreada das magias, eu sempre pensei isso...já conversei com pessoas na internet que diziam que esse sistema era ruim, que uma magia "cria água" se resumia a um druida apontando o dedo como uma pistola e lançando um jato d´ água por ali. Essa maneira serve sim, mas quanto mais floreada for, melhor.

    Pra mim esse é o melhor sistema, não vi nada no campo de magia que me deixasse mais satisfeito do que esse sistema. D&D é um sistema que só é assim TÃO limitado por quem tem preguiça de usar a criatividade pra resolver esse tipo de impasse.

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  7. Vitor Nardino Falou tudo!!Mas do que estávamos falando mesmo...?? KOAPkPOapoKPOAkPOK

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  8. Humm, interessante.
    No D&D 3.5 o personagem pode memorizar mais de uma vez a mesma magia, se não me engano.
    Ele decoraria 2 vezes ela?
    Ou ele daria o tempo de decorar outra magia para decorar melhor a mesma magia...
    Isso me faz pensar

    Ótimo post comparça!

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  9. Vitor, seu comentário foi, como eu diria? "Lacônico e devastador"! Huahauahua!

    Com oalguém comentou sobre "fórmulas matemáticas" que decoramos pras provas e depois esquecemos, vale comentar que em Dying Earth a magia é estreitamente ligada à matemática!

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  10. Excelente comparação essa do Vitor.

    A única diferença pra mim é que eu estudava e estudava e na hora da prova eu já esquecia tudo =P...

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  11. Omg, post muito bom. Tendo histerias com tantos posts de magia. Adoro o tema. :D

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  12. Poxa, muito bacana este post. Essa explicação do Vitor foi a melhor e mais fácil de assimilar que já li.
    Sempre considerei esse sistema de magia muito interessante e como alguns disseram, torna o uso e a forma de obter a Magia, "mais próxima do real" .
    Estou iniciando meus estudos no sistema AD&D 2ª Ed. e certamente usarei a explicação Vitor para esclarecer aos meus jogadores esse sobre essa temática de memorização de magias.

    Valeu Rafael, Vitor e a todos daqui.

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