segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Post do Leitor: A Vinda da Besta


Continuamos com a história de Amok, do colega Rodolfo! (Confiram a primeira parte aqui)

Após o fim de seu aprendizado aos dezesseis anos, Amok passou vários anos tomando conta de uma floresta na divisa das regiões Norte e Oeste. Quando Ganzoo resolveu visitá-lo a primeira vez três anos já haviam se passado e Amok havia mudado muito. Ao questionar os motivos da mudança, Ganzoo foi convidado a se sentar a beira de uma fogueira onde Amok lhe contou:

A vinda da Besta

O exílio não faz bem a mente de um homem, ainda mais a um homem que já possui no seu interior o instinto selvagem de um animal. Meus primeiros meses aqui foram tranqüilos e sem problemas, achei uma cabana abandonada há muitos anos, fiz algumas mudanças no lugar e comecei a morar lá. Alguns dos animais que tem o dom me visitam lá quase todos os dias.

Era uma vida tranqüila e pacata, até que certo dia eu senti o grito longínquo. No limite sul da floresta sagrada, uma das árvores antigas estava sendo cortada e seria impossível que eu chegasse a tempo de salvá-la. Mas eu fui assim mesmo, cheguei ao local junto com a luz da lua, os homens do vilarejo ainda não haviam carregado ela toda de lá. Naquela noite eu descobri algo muito importante, os moradores na borda da floresta estavam aumentando muito de número, não só naquela cidade. Eles aos poucos começariam a comer a floresta, por madeira, animais ou espaço.

Fiquei quase uma semana sentado numa pedra de uma cachoeira olhando os versos em minha máscara. Precisava entender bem o que significaria meu juramento para mim naquele momento, por fim tomei uma decisão e viajei, como um nômade, por todas as vilas. Algumas mereciam minha benção, na maioria as pequenas, caçavam o que precisavam, cortavam madeira de árvores mortas para fazer lenha, quando precisavam arar raramente arrancavam alguma árvore. Mas na maioria dos lugares não era assim, comerciantes fornecendo madeira e couro retirados da floresta para armeiros e artesãos. Não havia respeito ao ciclo nestes lugares.

Sinceramente mestre, eu temia que naquele momento eu não fosse saber o que fazer, foi quando ela decidiu por mim. Era uma noite bonita, eu estava em uma árvore me preparando para fazer algo, nem sabia o que, vesti minha máscara e tudo se tornou muito claro, fui pelas ruas da cidade como uma pantera caçando, minha presa eram os homens da cidade.

Naquele mesmo dia, quando o sol nasceu, as pessoas entenderam o que havia acontecido, homens, comerciantes, mortos nas ruas da cidade, pelas garras dos demônios da floresta. Eu recebi poder e instruções para cumprir uma tarefa e me senti gratificado por isso, afinal é o Caminho dos Guardiões, mas me assustei por que não havia remorso em mim mestre, não me sentia mal por matar os de minha raça. Eu sabia que já não era mais um homem, eu havia me tornado uma besta. Não mais um homem com poderes dos animais, mas sim um animal com a casca dos homens.
Rafael BeltrameRafael Beltrame adora estudar a história do D&D (nos tempos da TSR) e ler módulos dos anos 70-80. Blogueiro compulsivo, trabalha em muitos projetos ao mesmo tempo e não se adapta muito bem às mudanças no campo da informática. Gostaria de morar na Village of Hommlet.

3 comentários:

Seja um comentarista, mas não um troll! Comentários com palavrões ou linguagem depreciativa serão deletados.