Buenas, meus caros! É Apocalipse Zumbi aqui no Clérigo! Hoje, vou falar um pouco sobre como foi a tradução do Shotgun Diaries, em pré-lançamento pela Red Box (e já resenhado aqui, no blog, pela Bel). Engatilhe sua escopeta, respire fundo e vamos abrir caminho entre os não-mortos!
Ainda lembro aquela tarde trabalhosa de junho em que, durante o recreio, ao ler meu e-mail exclusivo do Old Dragon (o pessoal da lista sabe quantos e-mails recebemos por dia...), deparei-me com os dizeres:
"... (microfonia)
PROF. ALESSANDRO!!!! O SENHOR ESTÁ SENDO AGUARDADO NO DEPARTAMENTO DE TRADUÇÃO DE LICENÇAS GRINGAS.
PROF. ALESSANDRO!!!! O SENHOR ESTÁ SENDO AGUARDADO NO DEPARTAMENTO DE TRADUÇÃO DE LICENÇAS GRINGAS.
(microfonia) ..."
Era o Mr. Pop me chamando para uma missão ultra-secreta! Faltava pouco tempo para a RPGCon e ele queria divulgar as boas novas "em rede nacional". Depois de tentar especular de tudo quanto era jeito qual era o material a ser traduzido, finalmente recebi um pdf imitando a página de um diário. Não preciso dizer mais nada, certo?
Uma das marcas registradas da Red Box é o respeito ao cliente, por isso, antes mesmo de anunciar o futuro lançamento do Shotgun na RPGCon, o Old Combo (Neme, Dan Ramos e Mr. Pop) queriam a tradução pronta, em mãos, para avaliar e, daí sim, liberar a notícia. Ou seja, sem essa de contar com o ovo na cloaca da galinha!
Vocês já devem ter visto que o Shotgun é um livro curto, de 20 páginas. Ainda assim, traduzi-lo não foi um paraíso como pode parecer. O fabuloso John Wick tem um estilo próprio de texto e precisava transferir esse estilo para nossa língua. Resumindo, não era apenas traduzir os termos, deixando o texto com aquela aparência plástica: era necessário trazer o leitor para o espírito caótico e rápido do jogo.
Aí, novamente, preciso falar do compromisso com a qualidade que o pessoal da Red Box trabalha: a cada termo que eu considerava delicado, enviava um e-mail para os três e, após alguns debates, escolhíamos a melhor opção. Assim, conseguimos uma tradução que agradou a todos os envolvidos no projeto e eliminamos duplicidade de termos.
Um dos primeiros entraves foi o próprio título: como traduzir "Shotgun Diaries"? "Diários de Escopeta"? Ou "Diários de 12"? Ou, ainda, "Diários de Espingarda"? A opção foi deixar em inglês, afinal, Dungeons & Dragons sempre foi D&D e ninguém reclamou. Além disso, nenhuma das alternativas deixava claro o conteúdo do jogo e isso sem falar no apelo que o próprio nome possui.
Depois, vieram outros termos, como os tipos de Sobreviventes, o Relógio Zumbi e etc. Uma das grandes sacadas foi a tradução do termo "Sanctuary". Parece bem óbvio, não? "Ah, coloca Santuário". Acontece que, em português, essa palavra está muito presa a conotação religiosa. Na verdade, santuário nada mais é do que um abrigo, um lugar seguro. A própria magia "Santuário" tem, implícito, esse efeito. Assim, traduzimos como "Refúgio", um lugar para você dar uma respirada antes de mergulhar novamente no horror.
Enfim, após alguns dias traduzindo, sentei-me com meu grupo e testamos a tradução (praticamente todos falam inglês, logo, puderam dar seus pitacos). SÓ então enviei para aprovação do Old Combo. Os três leram e a encaminharam para o Tio Nitro, que deu suas sugestões também e aprovou a proposta. Portanto, pode ficar tranquilo que a tradução passou por diversos testes antes de chegar até você!
Dicas de Mestre Zumbi para Mestre Zumbi
Se você está pensando em rolar umas aventuras ou mesmo uma campanha de Shotgun, eis aqui algumas dicas:
- Pegue os melhores filmes/episódios/séries de zumbi que você conhece (os do George Romero e Walking Dead são o mínimo).
- Leia livros sobre o assunto. Nessa Semana Temática, tivemos vários exemplos de livros úteis para seu jogo.
- Acesse www.zombieresearch.org e descubra matérias científicas sobre o assunto.
- Descreva bem as ações, mas sem lero-lero. Sendo um RPG que valoriza a narrativa, a descrição e ritmo farão toda a diferença.
- Preocupe-se em passar o clima, não com regras. Shotgun possui regras mínimas, apenas para oferecerem os ganchos para a aventura prosseguir.
- Não preocupe-se "muito" com os Personagens. Como é óbvio, morrer em um Apocalipse Zumbi é facílimo, logo, explique isso aos seus Jogadores.
- Dê um brake. Nas duas sessões que mestrei, a tensão foi grande. O jogo não dá espaço para conversas paralelas: a cada dez minutos, o caldo entorna! Isso é divertido pacas! Mas, às vezes, dê um tempo para a galera refrescar as ideias.
- Última dica: que tal mestrar a série Walking Dead? Se seus Jogadores ainda não viram, bole as aventuras baseadas nos episódios e, depois da sessão, assistam aos episódios todos juntos. Quando jovem, fazia isso usando o Arquivo X e foi O sucesso!
Só porque o jogo é rápido, não quer dizer que não há espaço para boas interpretações!
Bônus: Zumbis "Romerianos" no OD!
Todos sabem que zumbis são buchas de canhão na Fantasia Medieval (ao menos, os mais fraquinhos). E por que não aumentar a dificuldade? Por que não lançar seus heróis em um Apocalipse Zumbi a la George Romero? Com poucas mudanças, você conseguirá assustar qualquer grupo, não importa o nível.
Vejamos algumas dicas para colocar esses zumbis na sua campanha:
- Zumbis romerianos são entidades biológicas (ok, estão mortas, mas...), não mágicas. Logo, esqueça "Afastar Mortos-Vivos", água benta, armas mágicas... acerte a cabeça ou corra!
- Prefira os zumbis lentos. Assim, conceda um bônus: considere um acerto crítico se o dado rolar de 15 a 20. Porém, lembre-se: zumbis SÓ morrem quando o sistema cerebral torna-se incapacitado. Ou rola um crítico, ou ele continua vindo, vindo e NHOC!
- Faça a ambientação em um vilarejo distante, fácil de ser "limpo" ou de ser evacuado. Ocasionar uma pandemia transformará sua aventura em uma campanha. Hum, Walking Dead em Forgotten Realms... por que não?
- Aguarde pelo cenário Legião! Lá, teremos um reino inteirinho infestado com esses monstrengos.
- Cuidado: esse tipo de campanha pode ser MUITO fatal aos Personagens. Basta uma mordida e adeus... está infectado!
Então, moçada, era isso! Um abraço e até a próxima semana! E, lembre, os zumbis estão por aí, mais perto do que você imagina...
Alessandro é professor de Inglês, Espanhol, Português, Religião e Literatura devido à profissão. Cineasta, cientista, astrônomo (não astrólogo...), artista plástico, ator, músico, linguista, poliglota, crítico e escritor devido à paixão. Leitor, RPGista, nerd, cinéfilo, enólogo e ocultista devido à diversão. Maníaco por cultura devido a algum mal genético. Ah, e chato, por pura força de vontade. |
Os autores do clerigo e suas importantes funções no meio RPGsístico nacional, haha. Parabens pelo trabalho, pelo post e pelo bonus.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho prof. Alessandro.
ResponderExcluirTive a oportundiade de ler The Shotgun Diaries e a tradução ficou primorosa.
Quem sabe eu ganho e daí eu vejo XD
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