Que monstro sou eu?

Mais um monstro para desvendar nessa aventura do independente halfling Collins, o ladrão.

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*FSHHH!

A tocha apagou imediatamente após ser mergulhada num barril cheio de água da chuva. Mesmo tendo uma boa visão na penumbra, Collins decidiu que uma tocha sempre ajudava a ver as coisas com mais clareza, mas era claro que, para entrar num buraco estreito, uma tocha não seria interessante de carregar.

O gatuno decidira fazer este trabalho sozinho, afinal, fora ele o responsável por arrancar a preciosa informação de um “colega”. O dia chuvoso era bom para o trabalho, pois manteria os curiosos em suas casas e longe da antiga capela.

Sem delongas, o halfling colocou em prática suas habilidades revividas do tempo de infância, quando engatinhava velozmente pelas plantações com os bolsos cheios de cenouras e rabanetes. Se ele estiver correto (alias, se o seu “colega” estiver), esta toca era o lar de uma criatura que roubou algumas pedras preciosas dos enfeites da nova igreja. Parece que ela era atraída por coisas brilhantes ou algo assim.

“Será que chegarei logo...?” indagava o pequenino, quando para sua surpresa, descobrira não estar sozinho! Aproximando-se velozmente, a criatura do tamanho de um cão pequeno corria em sua direção, obrigando-lhe a rastejar rapidamente de costas, sem poder virar o corpo.

Assim, dentes poderosíssimos atravessam o braço de Collins, que tenta proteger seu rosto de sofrer uma plástica forçada. A mordida não era tão forte, mas os dentes pareciam afiados o suficiente para atravessar uma pedra! Ignorando a dor ao máximo possível, o ladrão sente o estalo final do braço quando este lhe abandona, ficando de alimento para a criatura.

Uma coisa que o halfling aprendera nos anos de profissão é que recuperar membros é mais barato do que pagar por uma ressurreição, sendo que esta última precisava de ao menos alguém vivo para lhe levar até um bom clérigo.

Assim que saiu da toca, Collins vê o estrago em seu braço e fica nauseado. Não satisfeito com o pedaço que arrancara do invasor, o monstro sai de sua toca e pula em direção ao gatuno. Sua pele amarelada e sem pêlos tem uma estranha textura de couro (pelo menos é o que a mão remanescente de Collins sente), o que torna a criatura difícil de segurar.

Fazendo o máximo que pode, o pequenino luta para evitar uma mordida fatal, enquanto é arranhado pelas múltiplas patas da criatura. Batendo nas paredes enquanto tenta se livrar do agressor, Collins arremessa a criatura no barril cheio d’água, meio por sorte meio por habilidade.

Tentando sacar sua espada (era difícil, pois normalmente sacaria com o braço que não esta mais com ele), o ladrão percebe a criatura se debater freneticamente na água, até que afunda e as águas se acalmam. ”Quem diria, ela não sabe nadar”, pensa esbaforido.

Mesmo com a cabeça latejando, Collins consegue fazer um ótimo curativo, impedindo uma perda maior de sangue. Por fim, no meio da confusão pós batalha, apenas um pensamento se sobresai:

“Mmm...será que terei algum desconto se levar o braço?”

Rafael Beltrame adora estudar a história do D&D (nos tempos da TSR) e ler módulos dos anos 70-80. Blogueiro compulsivo, trabalha em muitos projetos ao mesmo tempo e não se adapta muito bem às mudanças no campo da informática. Gostaria de morar na Village of Hommlet.