Sem mais delongas, comecemos.
O que irei lhes contar ocorreu a 45 anos, em uma época onde os grandes reinos ainda não tinham sido construídos a custo de sangue. Uma época em que a magia poderia ser facilmente encontrada. Uma época em que eu era tão jovem quanto você.
Já fazia quase 2 meses que Gallidox, a segunda maior cidade do reinado, estava sitiada pelo reino humano do leste. Os conjuradores de Gallidox nada conseguiam fazer para repelir o cerco, isto porque os invasores também possuíam arcanos de igual poder em suas tropas. Os corpos já estavam amontoados nas ruas, alguns foram vítimas dos ataques diários dos inimigos, outros de fome e ainda alguns foram mortos por seus próprios vizinhos em uma busca desesperada por comida; o caos se instalara naquela cidade. A tática dos invasores era a mais simples e antiga: realizar ataques regulares aos muros da cidade, esperar qualquer alimento e água acabarem, e no momento em que a população estivesse fraca, a invasão ocorreria e a vitória estaria garantida.
O último ataque havia ocorrido há cerca de uma semana, e desde esse dia, apesar de haver movimentação no acampamento inimigo, as tropas e catapultas não eram convocadas ao ataque. Tal fato fez com que a tensão entre os habitantes da cidade aumentasse ainda mais, com teorias de que os inimigos estariam se preparando para um ataque fulminante.
O cerco em torno de Gallidox.
Ao mesmo tempo em que os ataques cessaram e tais teorias começaram a ser desenvolvidas, as pessoas começaram a agir mais estranhamente do que outrora; cada um começara a pensar apenas em si próprio, os guardas abusavam de seu poder para conseguir tudo aquilo que queriam, os governantes e conjuradores estavam trancados em suas fortalezas, uma situação de maior medo havia se instalado. Em conjunto a este fato o número de mortes aumentava a cada dia.
Porém estes mortos, que eram sempre encontrados no final da noite e início da manhã, não pareciam ter sido mortos por mãos humanas. Seus corpos estavam cobertos de lacerações na forma de mordidas, porém, nenhuma parte de nenhuma das vítimas havia sido consumida ou arrancada. Além disso, o semblante que possuíam era algo distorcido, como o de alguém que havia sido morto em meio ao maior pavor existente em toda a face do mundo. Ninguém havia visto o que ou quem havia causado as mortes, e a única coisa que se ouvia durante as noites em que as mortes ocorreram eram choro e gritos, gritos desesperados de pavor.
O número de mortes aumentava a cada dia, 2 na primeira noite, 12 na segunda noite, até que na terceira noite o alarmante número de 67 mortes com estas características foram relatadas.
Devido aos acontecimentos, os habitantes de Gallidox conjecturavam ainda mais sobre as possíveis mortes. Alguns diziam que era obra de seres do submundo, convocados pelos invasores; outros diziam serem seres da noite; e outros ainda diziam que os deuses os haviam amaldiçoado. Toda a população estava aterrorizada, e ao invés de os governantes tentarem resolver o problema, estes se enfiavam ainda mais em suas residências, bem como todo o resto da população.
Inseridos nesse contexto estava o grupo formado por Myrhanael, um humano devoto do deus do sol que tinha por lar Gallidox; Beckendorf, um mago humano que já possuía alguma experiência em magia; Hagar, o bravo anão guerreiro e Dimitri, o gatuno, um humano. O grupo já estava na cidade a 4 meses, e tinham resolvido alguns pequenos problemas. Problemas estes que precederam o cerco atual.
Devido a tais problemas, o sumo sacerdote do templo do deus sol em Gallidox convocou Myrhanael para dar um fim a essa situação de medo, visto que todo o resto da população estava aterrorizada e incapaz de realizar qualquer atividade. Com isto descobririam se os invasores tinham alguma ligação com as estranhas mortes.
Para que tal intento tivesse sucesso o grupo resolveu investigar durante a noite, a hora em que deveriam ocorrer os ataques. Para isso visitaram alguns dos locais em que os corpos foram encontrados. E Hagar, analisando estes locais, conseguiu identificar alguns rastros, porém estes não pareciam pertencer a nenhuma criatura de seu conhecimento.
Por sorte ele conseguiu traçar um padrão e conseguiram seguir os rastros daquilo. Enquanto seguiam pelas ruas desertas, o cheiro de podridão e detritos tomava conta de suas narinas, afinal, alguns corpos em decomposição estavam amontoados em várias vielas. Os componentes do grupo se perguntavam o que poderia ter causado as mortes, e o anão dizia sempre que algo humanóide não poderia ser. Foi enquanto discutiam que um grito de pavor, que gelou a espinha de todos, foi escutado. Era o grito de um homem e este parecia estar a uns 20 metros dali. O grupo correu até a origem da gritaria.
Chegando um pouco ofegantes a visão era no mínimo aterradora, como que saídas de um pesadelo, haviam seis criaturas com cerca de meio metro de altura, corpo parcialmente arredondado e coberto com reentrâncias semelhantes à de um cérebro humano. Sua coloração era como as de cores geradas pela luz quando refletida em uma poça de óleo e água. Três grandes olhos amarelos figuravam na parte frontal de seu corpo, e uma imensa mandíbula estava posicionada pouco acima da barriga da criatura. O que a mantinha em pé eram dois longos tentáculos que saiam da base de seu corpo, enquanto inúmeros outros menores brotavam de diversos locais diferentes.
Sua pele era como a superfície de um cérebro humano.
As criaturas mordiam desordenadamente o pobre homem, enquanto este gritava de pavor. A hora em que o grupo havia chegado já era tarde, a vida no corpo do homem já quase não existia mais, e sua voz não conseguia sequer deixar a garganta, porém o medo que as criaturas inspiravam era algo presente.
Em retaliação aos ataques, o anão partiu correndo para cima das criaturas, errando seu ataque. As criaturas por sua vez avançaram em direção aos quatro, e durante um lampejo de sabedoria Myrhanel deduziu que as criaturas podiam ter alguma fraqueza à luz do dia, visto que só atacavam durante a noite. Elevando seu pensamento a seu deus, Myrhanael faz uma prece enquanto ergue seu símbolo sagrado: “Ó grandioso sol, pai do dia, aquele que dissipa toda escuridão, dá-me de sua luz para banir essas criaturas da existência”.
Súbito uma forte luz, como a do próprio sol surge do símbolo sagrado do sacerdote e toma conta de todo ambiente. As criaturas grunhem enquanto duas delas desintegram-se perante a forte luz, enquanto as outras 4 sofrem extenuantes queimaduras. Súbito, 3 das criaturas correm uma em direção á outra enquanto rapidamente tornam-se uma massa de vísceras como se estivessem fundindo-se. Beckendorf convoca suas forças místicas e uma descarga elétrica na forma de relâmpago sai de seus dedos, porém quando acerta a criatura, este se mostra totalmente ineficaz.
A criatura formada pela fusão das outras 3 parece uma versão maior das criaturas destruídas pelo clérigo do sol. Além do tamanho, cerca de 2 metros de altura, o que as diferencia das menores é a presença de 5 olhos e 3 mandíbulas.
Ao ver a criatura, que parece mais ser saída de um pesadelo, Dimitri desfere um ataque, mas sua arma apenas resvala o corpo desta sem causar-lhe ferimento. Com a visão da criatura formada o anão entra em desespero, repetindo continuamente a frase: “é impossível tentar, morreremos todos aqui”. A pequena criatura, a que sobrara do ataque solar do clérigo, parte em direção a Beckendorf, mordendo-o próximo ao braço e derrubando-o.
Enquanto o sangue quente do mago desce por seu braço, um súbito pavor toma conta de seus músculos e este só tem forças para gritar com pavor indescritível, enquanto a criatura se debate em cima de seu corpo, como se sentisse prazer com o pavor do mago. Myrhanael convoca os poderes do sol mais uma vez, e após o término do clarão este sente uma dor lancinante; mordidas rasgam sua carne, a luz de seu deus foi ineficiente contra a criatura maior! Pelo menos a pequena criatura, que flagelava Benckendorf, fora destruída desta vez. Dimitri desfere mais um golpe, este surte efeito e a criatura é ferida pela primeira vez.
A criatura agora, presa a Myrhanael consegue mordê-lo uma nova vez, desta vez no pescoço. O clérigo sente as mandíbulas da criatura entrarem em sua traquéia. Enquanto a dor toma conta do corpo do clérigo e este grita, antes que sua traquéia seja completamente aberta com um som oco de ossos se partindo e carne sendo rasgada: “Ataque este ser da trevas Dimitri!”.
Dimitri ao ver a cena, foge aterrorizado pelo que está vendo, enquanto escuta Myrhanael tentar gritar, gorgolejando com o grande volume de sangue que escorre de sua garganta, para em seguida ouvir os gritos desesperados de Beckendorf e Hagar durante a noite.
A cidade foi invadia pelas tropas inimigas dois dias depois deste ocorrido.
Enquanto fiquei na cidade as criaturas fizeram mais de 500 vítimas. Quando os habitantes de Gallidox contaram o ocorrido, até os invasores se compadeceram. Eu, Dimitri, consegui me passar pelas tropas inimigas e escapei ileso da invasão. Mas as cenas daquela noite estarão sempre vivas em meus pesadelos. O que era aquela criatura é algo que ninguém até hoje descobriu. Talvez ninguém nunca saiba realmente. Pelo menos, ninguém a quem contei esta história soube me responder. O que sei é que rezo para nunca encontrá-la de novamente.
Arantes, nascido no final do verão de 1987, fã de fantasia medieval, sendo assim, não é preciso dizer que seu RPG favorito é o Dungeons and Dragons (principalmente a segunda edição). Conheceu o RPG aos 12 anos com uma versão homemade de Street Fighter; é mestre de DeD desde a mesma idade. Formado em Engenharia Química, e agora obtendo o grau de mestre, o que lhe rendeu, e rende a calvíce. Quer ser professor de ensino superior e quer fazer algo para que se lembrem dele no futuro, no âmbito científico e RPGistico. Presbiteriano roxo, é membro da Igreja Presbiteriana na cidade onde reside aos fins de semana. |
São os Ceremélos de Tihuana, certeza!!
ResponderExcluirXD
Como não tenho a menor ideia da criatura que é, vou com o Red ^^
ResponderExcluirTá tudo no livro dos monstros!
ResponderExcluirSe o Hagar tivesse lutado quem sabe eles teriam uma chance...
ResponderExcluirEu acho que é um Rast ou um alien.
ResponderExcluirNa dúvida, corram para as montanhas!!!!!
Eu acho que é o Caboclo d'água: http://www.youtube.com/watch?v=3N4bi0Au6OY
ResponderExcluiro Clérigo disse...
ResponderExcluirEu acho que é o Caboclo d'água: http://www.youtube.com/watch?v=3N4bi0Au6OY
APOKAPOkpOKAPOkPOKapoKPOAkpoKPOAkPOKApoKPOAkpoKPAOkpOKapokPOKApoKPOakpOKApoKPOakPOKApKPOAkpoKpaokPOKApoKPOAkpoKPOAkPOKapoKPOAkpoKpaokPOkapoKPoakPOakpoKPaokPOKApoKPAokpOKApoKPOKApoKPOakpKapokPOakpoKPaokPOKApoKPOAkpOKPaokPOKApoKPOakpoKapoOKA
o feyr e o grande feyr, com certeza
ResponderExcluirquando eu vi que ja tinham 7 comentarios eu achava que ja tinham dito, fiquei ate trite de vir ler aqui, essa sessão é uma de minhas preferidas. ainda bem que não tinham
ResponderExcluir@Clérigo: KaKaKaKaKaKAkakakakKAKAKAKAKkakakaKAKKAKAkkakakakakkakakakakKAKAKAKA... Pior que o imaginário popular são as estratégias para pegar o bicho... Um vai usar um berrante pra atrair a fera, o outro anda com 7 facões na cintura, como se tivesse mais que 2 braços... KAKAKAKAKAKA...
ResponderExcluir@Arantes: Acho que é um Othyug...
@Druida: confesso que fiquei impressionado com o tal bicho e com os sete facões do cidadão.
ResponderExcluirAgora vou adaptar esse bicho pra Old Dragon! XD
Hahuahuahuaha...
ResponderExcluirEu asseguro a vocês, não é um caboclo d'água e 7 facões não ajudariam muito huehue
Esse domingo a noite eu dou a resposta do post!
eu tenho certeza que acertei
ResponderExcluirAU-AU acertou mesmo. Os bixos são o Feyr e o grande Feyr, ambos alimentam-se de emoções; e são criados a partir das emoções e da energia mágica, logicamente são criados inconscientemente e em condições de grande estresse, como o do texto.
ResponderExcluirParabéns AU-AU!
É isso que dá nunca ter lido o Livro dos Monstros... nunca acerto nada nessa seção :s
ResponderExcluirnão sei pq mas os nomes nao sao estranhos...
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