A Ordem do RPG: Entrevista com Igor UtarefsoN, autor do Space Dragon

Aproveitando essa semana temática sobre ficção científica, confiram a entrevista que fiz com Igor UtarefsoN, autor do Space Dragon, uma variação do sistema Pocket Dragon para um cenário futurista, que logo será lançado também numa versão maior e ampliada pelo selo Redbox.

Olá Igor, seja bem vindo ao blog do Clérigo nessa semana especial sobre ficção científica.
Olá Clérigo, e olá a todos do blog. É um grande prazer conceder esta entrevista.

Poderia falar um pouco sobre sua experiência RPGística?
Minha vida RPGística se iniciou por volta do ano 2000, quando um amigo comprou o Livro dos Monstros de D&D 3.0 e me emprestou por um dia. Daí criamos sisteminhas próprios para jogar apenas batalhas, e fui gostando cada vez mais de RPG. Depois acabei me interessando por Vampiro: A Máscara, que joguei por um bom tempo. Só há uns 3 anos atrás que comecei a jogar D&D 3.5 e também comecei a me interessar por sistemas diferentes, dentre os quais estão o Old Dragon, Mighty Blade, Dragon Age RPG, Rastro de Cthulhu, Terra Devastada, e por aí vai. Também tenho uma coleção de PDFs de sistemas independentes, e sempre estou procurando coisas novas. Atualmente estou narrando uma campanha de Terra Devastada e uma de Dragon Age RPG, e jogando uma campanha de D&D 3.5 e em breve também uma de Lobisomem: O Apocalipse.

Como surgiu a ideia de adaptar o Pocket Dragon para um cenário espacial?

Eu adorei a ideia do Pocket Dragon, por ser bem simples e funcional. Originalmente eu estava inventando um boardgame caseiro para jogar com as regras do sistema, mas durante uma pesquisa em bancos de imagens eu me deparei com algumas ilustrações bem retrô em domínio público, e na hora me veio a ideia de como seria um Pocket Dragon espacial.

Quanto tempo levou pra desenvolver o jogo?

Levou mais ou menos 2 semanas. Começando com as imagens estilizadas que eu havia encontrado no banco de imagens, eu passei a imaginar quais seriam as contrapartes futuristas das classes básicas. Homem de armas virou facilmente Homem espacial, mesmo caso de Ladrão para Gatuno. Já a mudança de Clérigo para Cientista veio do conceito de "fé na ciência", que tomava conta do mundo à época das histórias retrô de ficção científica. E por fim, a adaptação de Mago para Mentálico se deu porque poderes mentais combinam mais com FC do que magia. Como era um projeto simples, fui fazendo a diagramação conforme ia desenvolvendo as regras, me baseando no layout da versão para visualização digital do Pocket Dragon.

As espécies (raças) são um reflexo desse processo, com Humano e Androide ocupando apenas meia páginas, mas Mutante precisando de uma página inteira devido aos aprimoramentos e degenerações. Pela simplicidade do Pocket, nos mutantes eu quis fazer algo que alterasse os poucos elementos do jogo, mas de modo descomplicado. Também quis simplificar um pouco o bônus na CA que o Pocket Dragon confere, fornecendo uma tabela para isso, e também incluindo o valor-base 10 de qualquer pessoa no valor das vestes espaciais utilizadas. No final acabei colocando tabelas para os tipos de rolagem mais comuns em combate, e adicionando sugestões de PV para alienígenas de cada nível, para facilitar a consulta.

Também achei importante ter uma página traçando um paralelo simples entre a ficção científica futurista e a fantasia medieval, mostrando que com algumas adaptações, o modo de jogar é quase idêntico.

Nota-se que há uma influência da antiga ficção científica em Space Dragon, no estilo Flash Gordon lá da década de 50. O que te levou a escolher essa abordagem, em vez da ficção científica moderna?

Primeiro por causa das ilustrações, e segundo porque sou um fã incondicional de Isaac Asimov. Sempre adorei as histórias dele sobre robôs, viagens espaço-temporais e planetas colonizados. Também me lembrei de Space Ghost, Perdidos no Espaço, Jornada nas Estrelas, Buck Rogers, do próprio Flash Gordon e outros com a estética e temática espalhafatosa da época, e também porque não tinha conhecimento de algo similar que existisse no cenário RPGístico, ainda mais no nacional.

Para a versão maior do Space Dragon, assisti muito Buck Rogers, Flash Gordon e li revistas pulp para pegar as ideias mais recorrentes, além de analisar RPGs de FC das décadas de 1970/80, para ver se estava no caminho certo. Também vasculhei pela Internet o que foi dito do SD Mini, e pelo bom feedback e sugestões que tive também fui acertando as regras. Esse processo levou pouco mais de 2 meses, que nem sequer percebi que passaram, hehe!

O que diferencia a ficção retrô da atual?
A ficção científica da época era mais especulativa e fantasiosa, enquanto a atual tende a se apoiar nos avanços tecnológicos, além de ter um caráter mais pessimista e mesmo militarizado. As naves espaciais eram em formato de charuto, os capacetes eram todos redondos e transparentes e os vilões eram verdes e usavam poderes mentais ou armas de raio. Antigamente não tínhamos space marines, e sim pilotos de foguete resgatando donzelas sem esquecer da brilhantina no cabelo.

E como foi ser convidado para transformar este pequeno projeto em algo muito maior e que logo será publicado pela Redbox editora? Foi uma surpresa? Já esperava?Foi uma grata surpresa. O Mr. Pop me enviou um e-mail perguntando se havia interesse da minha parte em publicar o material completo pela Redbox, ao qual eu respondi prontamente dizendo que sim. Não esperava nada do gênero, e fiquei muito feliz com a oportunidade!

Bem, enquanto o Space Dragon completo ainda não está disponível, onde a gente pode baixar a versão Pocket do Space Dragon?

O Space Dragon pode ser baixado gratuitamente no 4shared: http://www.4shared.com/document/tWZr8PAw/Space_Dragon_Mini_v_1_1.htm

Bem Igor, foi um prazer ter feito essa entrevista. Gostei muito do Space Dragon e espero ver logo a versão impressa do jogo. Muito sucesso pra você e para o jogo!

Foi realmente um prazer conceder essa entrevista ao blog. Posso dizer que não perdem por esperar a versão completa e impressa! Abraços a todos!